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Sociedade

“Sou mulher. Trans… mas mulher”

Nasceu num corpo de homem, mas sempre soube quem realmente era. Com a ajuda de procedimentos e intervenção hormonal, Sasha Montez consegue, aos poucos, a aparência que melhor representa a sua essência. Lamenta apenas que o sistema de saúde ainda não esteja preparado para atendê-la normalmente.

Sasha Montez é uma “transgénero”, que trabalha na área de marketing e produção de publicidade e eventos. Foi modelo e, em 2017/2018 conquistou o título de Miss Trans Cabo Verde, realizado na Praia.

Neste mês da mulher, diz-se realizada, mais feminina do que nunca e coberta de mimos.

Natural de São Vicente e residente na cidade da Praia,  Sasha se assume “mulher transgénero”, sem complexos e diz que desde muito cedo já sabia quem realmente era.

“Sempre soube quem eu era, dos meus gostos, do meu estilo e de tudo o que realmente me inspirava”, explica.

Entretanto, para que o sentimento se expressasse também na sua aparência física, Sasha tem levado a cabo um conjunto de procedimentos, entre os quais tratamentos hormonais, para que o seu corpo também seja o de uma mulher.

“Com o passar dos anos comecei a conhecer mais a mim mesma e principalmente o meu corpo. Há algum tempo iniciei o processo de alteração física e ainda estou nesta luta”, recorda.

 

Aceitação tem evoluído

Para ela, o processo pode ter sido um pouco mais simples do que a maioria das pessoas, já que, como conta, enquanto transgénero, o seu corpo já aparentava muitas semelhanças a um corpo feminino.

“Sem dúvida que sou uma mulher. Trans, mas mulher!” É assim que se sente esta jovem que define a mulher como “a própria representação da força”, na qual ela muitas vezes se inspira.

Tanto é que, segundo conta, outras pessoas já a reconhecem e aceitam enquanto mulher.

“Mesmo antes das transformações, algumas pessoas já me consideravam uma mulher. Claro que, em uma ou outra situação, reinava uma dúvida se eu era homem ou mulher”, explica.

Actualmente, este não é um problema que se coloca. “Costumo até brincar com isso, porque já ninguém me nota nos lugares. Por exemplo, em espaços públicos, utilizo casas de banho femininos sem problema nenhum. Sou mulher como as outras”, conclui a transgénera que se diz, de forma geral, bem aceite em Cabo Verde.

 

Sistema de saúde não está preparado

A única reserva tem a ver com um sistema de saúde ainda despreparado quando se fala da comunidade LGBT. Prova disso é que, para realizar o desejo de um corpo feminino, Sasha teve que recorrer ao exterior, já que o país ainda não está capacitado para lidar com casos do género.

Todos os procedimentos foram e estão sendo realizados fora do país. “O nosso sistema ainda não está preparado para estas questões. Os cuidados de saúde nesta área ainda são muito deficientes e os próprios funcionários ainda não compreendem a questão”, diz Sasha, que se refere a tratamentos hormonais e acompanhamento psicológico – já que as alterações não ocorrem apenas no corpo, mas na própria forma de ser.

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