Na ilha do Fogo, o titular da pasta da Cultura tem agendada uma deslocação à praça João Paes de Vasconcelos (4 Setembro) para inteirar-se das obras da sua requalificação iniciada no passado mês de Outubro com a sua adjudicação, os três centros emissores da Televisão Digital Terrestre (TDT) de Achada Furna (Santa Catarina), Boca Larga e Monte Barro (São Filipe) e o santuário de Nossa Senhora do Socorro, na zona sul da cidade de São Filipe.
O projecto de requalificação da praça está enquadrado, segundo uma nota de imprensa do Ministério da Cultura, no eixo IV “Reabilitação do Património Histórico, Cultural e Religioso” do Programa de Requalificação, Reabilitação e Acessibilidades (PRRA), delineado pelo Governo, através do Ministério das Infraestruturas, Ordenamento do Território e Habitação (MIOTH) e coordenado pelo MCIC, através do Instituto do Património Cultural.
Segundo a mesma nota, as obras estão orçadas em mais de oito mil contos (8 mil 294 contos) e o prazo inicial para a execução das mesmas é de cinco meses que termina a 24 de Março próximo.
No entanto, a sua requalificação está sendo alvo de críticas, quer por técnicos da área de construção civil (engenheiros e arquitectos), como pelos defensores do património edificado devido àquilo que consideram ser alteração do muro do lado sul.
A sua reabilitação do ponto de vista histórico e cultural, passa pela demolição do piso em betonilha e a sua substituição calçada basáltica com desenhos artísticos, cobertura dos coretos, retirada da vedação metálica, visando repor os seus traços originais, desde o piso, coreto e a toda a sua configuração, com calceta artística de modo a combinar com edifício da Câmara Municipal e zona envolvente.
No entanto a construção do muro do lado sul, oposto ao edifício de Paços de Concelho, com pedra vistas, está na base de críticas por parte de engenheiros, arquitectos e pelo antigo curador do centro histórico de São Filipe e um dos activistas e defensores do património edificado, Fausto do Rosário, que inclusive endereçou uma carta aberta ao presidente da Câmara de São Filipe, Jorge Nogueira, solicitando esclarecimentos e posicionamento sobre as alterações, aguardando por isso uma resposta antes de um posicionamento público.
Os críticos da requalificação da praça manifestam-se contra a adulteração do muro, afirmando que não se pode corrigir erros do passado com novos erros e adulterações.
A obra de requalificação da praça foi adjudicada a 25 de Outubro de 2019 e o prazo para a sua execução é de cinco meses, mas até este momento o Gabinete de Apoio Técnico (GAT) da Camara Municipal de São Filipe não dispõe de uma cópia do projecto que lhe permita acompanhar de perto o desenvolvimento da obra.
A visita do ministro que se faz acompanhar do presidente do Instituto do Património Cultural, Hamilton Jair Fernandes, e de técnicos deste departamento, pode ajudar a esclarecer as dúvidas dos mais críticos da requalificação da praça que há alguns anos atrás foi alvo de uma intervenção que motivou protesto e inclusive algumas pessoas acorrentaram-se na vedação metálica colocada na altura.
Já no âmbito da política de salvaguarda do património cultural imaterial nacional, o Instituto do Património Cultural pretende realizar o inventario de base comunitário da festa da bandeira de São Filipe, durante os meses de Março e Abril, razão pela qual, em parceria com a Casa das Bandeiras, realiza na segunda-feira um encontro de sensibilização e mobilização da comunidade local para o efeito.
Fonte: Inforpress