Olavo Correia, que falava na qualidade de conferencista, durante o III Congresso da Espiritualidade Franciscana em Cabo Verde, a decorrer na Cidade da Praia, salientou a necessidade de todos, desde as lideranças, passando pelos funcionários terem uma atitude pró-desenvolvimento.
O governante falou particularmente do pagamento dos impostos, sublinhando que os cabo-verdianos não pagam impostos voluntariamente e que só o fazem quando são obrigados a tal.
“Imaginem um país em que todos nós exigimos estradas, portos, aeroportos, formação, saúde e protecção e as pessoas não pagam impostos voluntariamente e fogem para não pagar. Eu não conheço nenhum país do mundo desenvolvido em que as pessoas não trabalham muito e não pagam impostos”, disse, indicando que Cabo Verde é um dos países com maiores níveis de falta ao trabalho.
Por isso mesmo, disse que os cabo-verdianos têm de optar se querem um país desenvolvido ou se querem um país com pobreza.
“Temos 170 mil cabo-verdianos que vivem na pobreza, 50 mil a viver na pobreza extrema e não podemos continuar com os mesmos ritmos, pensando que nos próximos tempos vamos vencer esse desafio”, frisou, salientando a necessidade uma mudança de atitude, de comportamento e do comprometimento com desenvolvimento Cabo Verde.
Para além do pagamento dos impostos, Olavo Correia quer que os cabo-verdianos sejam mais cumpridores dos prazos, das obrigações e responsabilidades no trabalho, nas famílias e para com os terceiros e que se “destaquem mais e celebrem mais o sucesso e os esforços dos outros”.
A questão da transparência na gestão, com prestações de contas e disseminação de informações, foi outro aspecto realçado pelo vice-primeiro-ministro, salientando que a empresa não é uma propriedade privada que tem de ser gerida de acordo com a vontade do dono.
“Temos de mudar de atitude também na gestão do sector privado”, recomendou, sustentando que a liderança não só a politica, mas também a liderança empresarial, religiosa e nível das ONG é fundamental para o desenvolvimento do país.
“É o sistema de liderança que tem de mudar de discurso e narrativa pró-desenvolvimento. Para além dos partidos políticos, está o país, para além do curto prazo está um país que tem de ser visto a médio e longo prazos. Nós que somos líderes políticos e empresariais temos de estabelecer um compromisso com o médio e longo prazos desse país para que as reformas possam ter centralidade, perenidade e possam produzir efeitos”, sustentou.
Olavo Correia discorreu sobre o tema “a radiografia da situação económica actual em Cabo Verde” e teve como companheiro de painel o economista Avelino Bonifácio que fez “a radiografia da situação económica actual no mundo”.
O congresso tem como tema “Economia de Francisco” alinhado com as mensagens que o Papa tem estado a transmitir aos cristãos de todo o mundo e tem e prossegue neste domingo.
Fonte: Inforpress