O presidente da UCID (União Cabo-Verdiana Independente e Democrática), António Monteiro, revelou, sexta-feira, 28, em Mindelo (na Ilha de São Vicente), que entregou uma queixa à Procuradoria-Geral da República (PGR), para anular a Concessão dos Transportes Marítimos, tendo questionado igualmente ao Governo se “Chiquinho BL é 100 por cento (%) seguro.
Monteiro que disse ter pedido ao Executivo do Palácio da Várzea (na Praia), que clarifique se “o navio Chiquinho BL é 100% seguro, explicou que “não foram cumpridos, minimamente, as exigências que o Caderno de Encargos impunha” e que “o Contrato de Concessão é lesivo aos interesses nacionais”.
É que – explicou António Monteiro -, o Estado “vai pagar, nos próximos 20 anos da Concessão, 12 milhões de contos”.
No seu entender, esses valores “são enormes para a dimensão de Cabo Verde” e, por outro lado, “a imposição do monopólio, por parte do Governo veio estrangular e dificultar o desenvolvimento económico de Cabo Verde”.
Sobre o navio Chiquinho BL, que a Companhia CV Interilhas trouxe, recentemente, a Cabo Verde, António Monteiro afirmou que o barco é novo porque a sua construção iniciou-se em Maio e foi concluída em Novembro de 2019.
Mas, defendeu que “o que importa é saber se o navio, tal qual se apresenta, dá garantias para navegar nos mares abertos de Cabo Verde, sem colocar em risco a vida das pessoas e as mercadorias nele transportadas”.
“Nós estamos aqui a exigir ao Governo para tranquilizar as pessoas. O Governo não pode só dizer da boca para fora, tem que apresentar os dados, os cálculos de estabilidade do navio para que quem entra nele entre de forma tranquila sabendo que chegará no porto de destino”, sustenta António Monteiro.
Segundo o presidente da UCID, todos os capitães com quem falou disseram que “o navio é dos mares interiores e para rios”, pelo que, adiantou que, se isso for o caso, “põe-se em cheque a vida das pessoas e a preservação dos bens”.
António Monteiro afirmou, ainda, que mais três navios com as mesmas características estão na Internet, no Sítio Alibaba, pelo preço de venda de cinco milhões e 300 mil dólares, cada um.
O político recomendou ao Governo “muita cautela” e recordou que “o Chiquinho BL trouxe um Certificado Provisório”, emitido pela Sociedade Grega “Phoenix Register of Shipping”, com Bandeira do Panamá, e que o barco ainda “está a receber as balsas de salvamento”, nos estaleiros navais, onde também fizeram “a reparação de algumas fissuras” e “meteram algumas chapas”.
Por isso, defendeu que “o navio não veio devidamente dimensionado para aquilo que se pretende”.
“Se o navio não foi construído para mares abertos, seria de todo aconselhável que o mesmo fosse refeito, em termos do casco, permitindo, assim, a diminuição da entrada de ondas em mar aberto”, aconselhou o líder da UCID, sugerindo que “o fecho do costado fosse acompanhado de novos cálculos de estabilidade, com a supervisão da Empresa Construtora”.
O presidente da UCID garantiu que o seu Partido “não vai permitir que se faça pressão sobre os inspectores” do Instituo Marítimo e Portuário (IMP), para que as “autoridades na matéria” aprovem “o funcionamento do navio, sem estarem conscientes do perigo que possa vir a ter.”
Instado se há pressão sobre os inspectores, António Monteiro afirmou que “não é preciso ser-se um ‘expert’ ou um crânio brilhante”, para ver que “há problemas e que tais problemas estão a ser encarados de ânimo muito leve”.
“Nós todos temos essa informação. É só ver a atitude dos deputados da Maioria no Parlamento”, referiu o líder da UCID, admitindo que tem havido “uma pressão muito clara do Partido no poder sobre esta matéria”.
Com: Inforpress
São Vicente: UCID pede à PGR para anular Concessão dos Transportes Marítimos e explicações ao Governo se “Chiquinho BL é 100 % seguro”
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