Aos seis anos, Jéssica Lopes já tinha samba no pé. Estreou-se no grupo Brincalhões e, desde então, passou por renomadas agremiações, como o Cruzeiros do Norte, Vindos do Oriente e a Escola de Samba Tropical. No Carnaval de 2019, a jovem de 32 anos marcou presença no Cruzeiros do Norte e no Samba Tropical, como passista. Em 2018, foi Rainha de Bateria do Grupo Vindos do Oriente.
Jéssica, que se descreve como uma pessoa tímida, diz que é no carnaval que consegue libertar-se e deixa nascer uma nova mulher.
“Eu acho que nasci no mês errado. Sempre digo que deveria ser de Fevereiro porque o carnaval é a única festa que chama a minha atenção. Sou bastante tímida e é no carnaval que consigo libertar-me. É uma vibração totalmente diferente”, explica a jovem que este ano foi a escolhida como Rainha de Bateria para acompanhar a potente batucada da Escola de Samba Tropical.
Trata-se, pois, de um sonho antigo que agora se torna realidade.
“Quando cheguei da Bolívia onde fui estudar, a primeira coisa que fiz foi inscrever-me para o concurso de Rainha de Bateria do Samba Tropical. Não foi daquela vez, mas o sonho permaneceu ali e hoje ela se realiza.”
Entre desfilar à luz do dia, no desfile oficial ou deixar-sebrilhar à noite, no Samba Tropical, Jéssica não consegue eleger o que mais gosta. Cada um, diz, tem as suas particularidades e magia própria.
Herança da mãe
“Para mim não faz diferença. Tudo o que é carnaval eu gosto. Começo a sair com os mandingas, participo no carnaval de escolas e das crianças e tudo onde estiver uma batucada. Talvez seja algo herdado da minha mãe que também gosta muito do carnaval” explica.
Embora o Samba Tropical não concorre aos prémios em competição, Jéssica faz questão de destacar que o desfile desse grupo, um dia antes do carnaval, é aguardado com muita expectativa. Portanto, considera que a responsabilidade de ser uma das figuras de destaque do grupo pesa da mesma forma.
Preparo físico
“É preciso estar preparada já que a Rainha de Bateria é uma das figuras de destaque mais aguardadas do carnaval.”
Além de participar assiduamente nos ensaios, Jéssica, que já leva o ritmo do carnaval no corpo e na alma, também faz treinos de preparação em casa, porquanto considera que um bom preparo físico é fundamental para tirar de letra o desfile da noite de 24 de Fevereiro.
“Eu sempre gostei de praticar desporto. Comecei com a ginástica rítmica, passei pela dança e pelo voleibol. Mais tarde conheci os ginásios e nunca mais parei. Hoje é onde encontro paz e descontração,” diz, confessando que o seu desempenho como Rainha de Bateria é facilitada pela vida activa que leva como professora de Educação Física e amante dos ginásios.
A sua história está interlaçada ao carnaval do Mindelo. Jéssica fala numa grande evolução da festa do Rei Momo na ilha, mormente agora com os intercâmbios e influências do carnaval do Brasil.
Entretanto, diz, o carnaval em São Vicente não perde a sua particularidade, principalmente a nível da batucada. “
É, sem dúvidas, o melhor em Cabo Verde e estamos num bom caminho.”
Natural de São Vicente, Jéssica já foi modelo e hoje dedica-se ao ensino. Amante do desporto e do carnaval e dona de um físico escultural, a jovem é hoje um dos rostos do carnaval do Mindelo.
Jéssica Lopes :“Ser Rainha de Bateria do Samba Tropical é um sonho que se realiza”
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