“Formação do Crioulo – Matrizes Originárias” é a mais nova obra do professor, investigador e linguista Manuel Veiga. O livro levou 40 anos a ser “cozinhado” e foi lançado esta quinta-feira, 13, na Biblioteca Nacional, na Praia.
O livro, que fala sobre as origens da língua cabo-verdiana, defende que o nosso crioulo “tem uma dupla origem”: “é latina mas também é africana”. Em entrevista à Inforpress, Manuel Veiga adianta que o crioulo resultou da língua portuguesa, “por isso é que tem origem latina, porque o português vem do latim”. Ao mesmo tempo, “tem origem africana na sua estrutura”.
O autor, que foi também ministro da Cultura, explica que a ideia desta investigação surgiu depois do primeiro Colóquio Linguístico sobre o crioulo, que aconteceu em 1979, no Mindelo, além da sua “discórdia” com o Baltasar Lopes, que no seu livro “O Dialecto Crioulo de Cabo Verde”, afirma que quase tudo no crioulo vem do português.
“Se as línguas africanas estiveram aqui em Cabo Verde, o português também, e o crioulo, resultou disso, como é que o crioulo poderá resultar apenas do português? Se 90 e tal por cento do crioulo é português porquê é que os portugueses não compreendem 90 e tal por cento quando nós falamos crioulo? Então eu tinha essa dúvida”, justifica.
O livro, que tomou como “corpus” de análise o romance “Odju d’ Agu”, conta com três capítulos que visam “explicar que a nossa língua tem uma dupla origem e que se no léxico o peso é de Portugal, na gramática o peso é das línguas africanas”.
Segundo o autor que conta com várias obras sobre a língua cabo-verdiana, incluindo um dicionário, este seu novo livro, “Formação do Crioulo – Matrizes Originárias” resulta de uma investigação intermitente que durou cerca de 40 anos. E, tendo em conta que ele não tinha o conhecimento sobre outras línguas da costa ocidental africana, foi necessário recorrer a estudos de pessoas que tinham tais conhecimentos.
Assim, na sua investigação. Manuel Veiga revela ter-se baseado em linguistas como Rosine Santos (francesa), Jürgen Lang (alemão), Nicolas Quint (francês), Jean-Louis Rougé (francês), Marlyse Baptista (cabo-verdiana-americana), Napoleão Fernandes (cabo-verdiano), Ângela Bartens (finlandesa), todos com fortes conhecimentos das línguas crioulas.
Com a chancela da Acácia Editora, “Formação do Crioulo – Matrizes Originárias” teve o seu lançamento marcado para esta quinta-feira, 13, às 18 horas, na Biblioteca Nacional. A apresentação estará a cargo da professora Amália Melo Lopes e acontece por ocasião das comemorações do Dia Internacional da Língua Materna, 21 de Fevereiro.
RM
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 650, de 13 de Fevereiro de 2020)
“Matrizes Originárias” do Crioulo é tema do novo livro de Manuel Veiga
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