Giselle de Andrade, 32 anos, resolveu fazer da costura e arte decorativa um modo de vida e uma alternativa ao desemprego jovem. Há dois anos inaugurou o seu próprio ateliê, a ArteDeco. Licenciada em Serviço Social, procura entrada no mercado de trabalho, mas, até lá, vai vivendo do lucro proporcionado pelos trabalhos que faz no sector da costura e arte decorativa.
Giselle de Andrade vive na localidade de Passarão, em São Vicente. Foi mãe muito jovem, quando ainda frequentava o liceu. Contudo, nem a gravidez nem posteriormente o nascimento do filho foram pretextos para abandonar os seus objectivos de vida.
Actualmente, é licenciada em Serviço Social pela Universidade Lusófona. Trabalhar na sua área de formação é um desses objectivos de vida. Ciente das dificuldades que essa meta acarreta, há dois anos Giselle resolveu agarrar com mais afinco uma velha paixão.
Em 2018, a pedido da mãe e também por influência de uma amiga, a nossa entrevistada criou um ateliê de costura e arte decorativa, baptizada com o nome “ArteDeco”. Aqui ela basicamente dá cor a roupas dos mais variados estilos e ainda encontra tempo para a confecção de artigos decorativos quer de festas, quer de espaços. Antes de possuir o ateliê, esta jovem fazia os seus trabalhos a partir do próprio quarto.
Questionada sobre o modo como tudo começou, Giselle regressa à sua adolescência. “Comecei a coser à mão, por influência de um tio, que é também costureiro. Na altura eu tinha 13 anos e inicialmente eu cosia na máquina da mãe do meu tio, mas com tempo consegui arranjar o meu próprio equipamento de costura”, recorda Giselle de Andrade.
Viver do ateliê
Hoje, como conta, as encomendas chegam num volume em que é obrigada a se desdobrar para poder dar conta do serviço. “As pessoas procuram os meus serviços para decoração de festas, customização e conserto de roupas. Tenho sempre tempo, porque é algo que eu gosto. Às vezes, entro cá (no ateliê) de manhã e só saio de madrugada. Durante a época do carnaval, por exemplo, já cheguei a ficar 48 horas sem dormir. Sobre o carnaval, já nem é pelo dinheiro, que compensa, mas sim pelo gosto pela arte”, diz.
Por estes dias, Giselle faz saber que ao ateliê, ArteDeco, começam a chegar as primeiras encomendas do Carnaval. Para poder dar resposta a esta crescente procura, a mesma recruta mais mão-de-obra. “Durante um ano eu trabalho mais por altura do Carnaval. Normalmente, quando tenho muitas encomendas para outras ilhas ou para o estrangeiro, tenho uma amiga que chamo e vem trabalhar comigo. Durante o Carnaval recruto algumas pessoas, caso contrário não dou conta do serviço”, acrescenta.
Empreendedorismo
Giselle nunca se imaginou na figura de uma jovem empreendedora, mas dadas as exigências da vida, viu-se “obrigada” a abraçar aquilo que é uma das paixões da sua vida e algo para o qual sempre esteve vocacionada. Para chegar aqui fez duas formações promovidas pela Cruz Vermelha e pela OMCV.
De resto, nunca teve apoio de qualquer instituição, facto pelo qual mostra-se orgulhosa do percurso e do modo como conseguiu cada uma das suas quatro máquinas de coser profissionais.
Licenciada em Serviço Social, Giselle de Andrade almeja entrar para o mercado de trabalho na sua área de formação. Uma vez alcançado esse objectivo a nossa entrevistada garante que não terá dificuldades em conciliar as duas áreas. “Pode ser que eu me dedique menos tempo a costura mas nunca me irei separar do ateliê”, conclui.
JF
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 647, de 23 de Janeiro de 2020)
Jovem aposta na costura e arte decorativa como alternativa ao desemprego
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