O Ex Primeiro-Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, defendeu, ontem, em Mindelo, que Cabo Verde não passa por uma crise de democracia, mas sim uma crise na forma de fazer política.
Para José Maria Neves, o Estado de Direito Democrático está consolidado e os partidos, sindicatos e população, de um modo geral, estão a cumprir o seu papel, portanto, não vale a pena estar a importar categorias de análise de outros países para aplicar a realidade de Cabo Verde.
“É claro que há alguma crise das instituições de intermediação entre o Estado e a sociedade e há também alguma crise da política. Temos que encontrar novas formas de fazer política, de estabelecer compromissos, estabelecer acordos e construir consensos, tendo em conta o bem comum.”
Neves considera, por isso, que é preciso melhorar a confiança mútua entre os partidos e que política não pode ser só crispação e disputa. “Ela tem a ver com acordos, compromissos e não podemos viver permanentemente em campanha eleitoral. Precisamos que a política se faça com razão e coloca os interesses de Cabo Verde em primeiro lugar” afirma.
Neves, que falava ontem aos alunos da Escola Secundária José Augusto Pinto, diz ter ficado “agradavelmente surpreendido” com o interesse dos jovens em discutir a democracia e o futuro de Cabo Verde e com a sua “grande espectativa” em relação ao futuro. Estes, considerou, mostraram-se muito interessados e discutir os caminhos que poderão levar ao crescimento da economia, a mais empregos, a menos pobreza e desigualdades.
Neste sentido, defendeu, é preciso despertar, de novo, o interesse dos jovens pela política e fazer com que ela seja atraente para todos. Há o empenhamento e se conseguirmos identificar as causas podemos arrepiar de novo os jovens e trazê-los para a política” considerou tendo em vista que em momentos dos grandes desafios, os jovens estiveram na linha da frente, conseguindo mobilizar-se e engajar-se na política. “Agora o principal desafio é o desenvolvimento sustentável.”
Sobre as presidenciais, Neves diz que ainda é cedo para discutir a questão, mas reconhece uma grande probabilidade da sua candidatura vir a efetivar-se. “Uma candidatura presidencial exige muita ponderação porque o país precisa de uma liderança, de aumentar a confiança entre os diferentes actores políticos e engajar as empresas, sindicatos e cidadãos neste novo momento. Precisa-se de uma magistratura de influência, capaz de congregar todas as sinergias da Nação para realizarmos essas transformações estruturais da nossa economia.”