O presidente da Comissão Política do PAICV em São Vicente considerou que a ilha tem um presidente com “grande potencial para o entretenimento”, mas que não pode se resumir a estas festividades. A declaração é feita a nove meses das eleições autárquicas e em causa estão várias obras, segundo Alcides Graças, anunciadas pelo presidente da Câmara Municipal, mas nunca concretizadas.
Para o representante do partido tambarina em São Vicente, que fazia um balanço do desempenho do executivo camarário no último ano, o atual edil governa em função das suas ambições políticas, deixando obras para realizar nos últimos meses do mandato, apontando como exemplo o investimento de 200 mil contos na estrada da Avenida Chã de Faneco/Ribeirinha.
A Câmara Municipal já aprovou quatro orçamentos cujas previsões de receitas rondam um milhão e quinhentos mil contos, o que leva Graça a fazer um balanço negativo do seu desempenho, considerando que os investimentos anunciados em campanha ainda não foram cumpridos.
Entre este leque de investimentos está, segundo Graça, o aterro sanitário como resolução do problema da lixeira municipal a céu aberto, a segurança da ETAR e ligação da rede de esgoto municipal a muitas famílias.
“No domínio do urbanismo, não conseguiu reduzir o número de casas de lata, com todo o perigo que representa para as famílias que não conseguem ter uma habitação condigna. As construções clandestinas que prometeu resolver, através da atribuição de lotes de terreno às famílias carenciadas, foram apenas promessas de campanha, pois, nenhum programa de legalização de terrenos foi executado”, afirma.
Graça aponta o dedo ainda às estradas municipais, “completamente esburacadas”, a ausência de um Plano Director Municipal (PDM) legalmente aprovado, além de obras e melhoramentos anunciados para campos e polidesportivos em várias localidades da ilha, com destaque para o concurso público para as obras do Estádio Adérito Sena, que até então não aconteceu.
No domínio do turismo, Alcides Graça aponta a redução da dimensão da obra de requalificação da estância turística da Baía das Gatas e a não conclusão das obras do Miradouro do Monte Gud.
“Desta vez o fraco desempenho da Câmara não pode ser justificado com a falta de dinheiro, pois, foi o próprio presidente que, por diversas vezes, vangloriou-se das avultadas verbas recebidas do Fundo do Ambiente, da contribuição turística do programa PRA, portanto, o bode expiatório, que durante dois mandatos, serviu para justificar a incapacidade do executivo camarário para projectar esta ilha.”
Para Alcides Graças, o actual presidente tem “um grande potencial para o entretenimento”, pois, “as poucas vezes que aparece entusiasmado e empenhado” é na altura do Carnaval, Festival da Baía das Gatas, Carnaval de Verão e passagem de ano. “São acontecimentos muito importantes para a ilha, mas, São Vicente não pode resumir-se as épocas e as essas festas.”