PUB

Economia

Santo Antão: Conclusão do projecto Rota das Aldeias Rurais adiada para 2020

A conclusão do projecto turístico “Rota das Aldeias Rurais”, a ser implementado na ilha de Santo Antão, foi mais uma vez adiada, agora para 2020, pelo menos. Lançado em 2015, este projecto só começou a ser executado em 2018 e de novo a passos de tartaruga. Os seus críticos, estes, começam a duvidar da bondade do Rota das Aldeias Rurais, numa ilha onde o despovoamento não pára de aumentar. 
O projecto “Rota das Aldeias Rurais de Santo Antão” surgiu da elaboração de inventários dos recursos turísticos dos três concelhos da ilha que identificaram a existência de possibilidades de colocar a criatividade e empreendedorismo ao serviço dos elementos naturais, culturais e humanos existentes na ilha e, assim, atrair turistas às áreas rurais. É um projecto que visa, grosso modo, qualificar o turismo rural no quadro do objectivo de diversificar o turismo no país.
O programa, orçado em 55 mil contos pelo Fundo do Turismo, foi lançado em 2015, beneficiando 36 microempresários sendo doze de cada concelho da ilha das montanhas. A partir desta data, tanto os selecionados, como beneficiários vinham manifestando uma certa “insatisfação” pelo atraso na implementação do projecto. A NAÇÃO, por mais de uma vez, deu conta desse estado de espírito. 
Os fundos previstos no quadro do projecto Rotas das Aldeias Rurais são geridos pela Associação dos Municípios de Santo Antão (AMSA). O projecto, que foi suspenso em Abril de 2016, poucos meses após o seu lançamento, deveria ser retomado em Setembro do mesmo ano, segundo as previsões do Ministério da Economia e Emprego, que em Fevereiro de 2017 firmou com a AMSA um protocolo para a operacionalização desta iniciativa. Apesar da pressão dos operadores da ilha, o Rota das Aldeias Rurais só arrancou em meados de 2018.
Porto Novo mais avançado
Porto Novo é o município onde o Rota das Aldeia Rurais está mais avançado, tendo-se já concluído “com sucesso” dez dos 12 empreendimentos turísticos previstos para este concelho. Segundo informações do vereador Valter Silva, as intervenções estão praticamente no fim e o programa em vias de conclusão. 
Segundo diz, no Tarrafal de Monte Trigo e na Ribeira Fria, os projectos estão já concluídos, em Ribeira da Cruz estão na fase de conclusão, mas em Catano (Ribeira das Patas) e no Planalto Leste estão atrasados. 
Preocupações
Entretanto, os operadores turísticos de Santo Antão mostram-se preocupados com a questão do saneamento e a situação dos percursos turísticos da ilha. A maior preocupação é a lixeira intermunicipal, em Aguada de Janela. Já por inúmeras vezes, os operadores turísticos e os santantonenses pediram o encerramento dessa lixeira “a bem da saúde pública e do turismo” na ilha de Santo Antão.
Os próprios autarcas em Santo Antão admitem que a lixeira intermunicipal, onde é depositado todo o lixo produzido nos concelhos do Paul e Ribeira Grande, afigura-se como sendo “uma das situações mais difíceis”, em termos de saneamento na ilha e “um atentado ambiental”.
Recentemente, o Governo avançou que vai ser construído um aterro melhorado em Santo Antão para resolver o problema de gestão dos resíduos sólidos. A garantia é do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, durante o debate no Parlamento sobre as mudanças climáticas.
“Há já uma decisão para avançarmos com um aterro melhorado e só depois para um aterro sanitário, com a triagem do lixo, para que possamos dar uma solução àquilo que nós encontramos em Santo Antão, que não é um bom cartão-de-visita”, disse Ulisses Correia e Silva, no Parlamento.
Outrossim, a perda de população e a falta de incentivos para fixar a mão-de-obra qualificada, aleadas ao isolamento de algumas comunidades, são alguns factores que ameaçam o turismo rural em Santo Antão, apesar dos propósitos do projecto Rota das Aldeias Rurais. Para os críticos, Santo Antão nunca vai conseguir desenvolver o ecoturismo sem a sua população rural, que está a sair cada vez mais para as outras ilhas à procura de uma vida melhor. 
ACN
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 643, de 26 de Dezembro de 2019)

PUB

PUB

PUB

To Top