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Cultura

Tiresias, o regresso de Oswaldo Osório à poesia

“A sétima colheita, não endureça o teu coração, a pretexto de nada nem de ninguém, mas fica atento aos males do tempo, entre o verdadeiro e o falso, a fraqueza e o embuste, o mal e o bem navega o mundo, tu porém separa o trigo do joio”. Este excerto de Tiresias, página 26, deixa antever o que se pode esperar desta sétima obra de poemas de Oswaldo Osório, membro da chamada geração de Seló ou Novíssimos, surgida na primeira metade da década de 1960.
Tiresias apresenta-se como um livro actual, futurista e universal, tal com a maioria dos poemas elaborados a partir de 2003, altura em que o autor já se encontrava completamente cego, exigindo um esforço intelectual maior a cada poema, forjado palavra a palavra, refeito e revisto com esmero e rigor, que caracterizam o processo criativo de Oswaldo Osório.  
Neste sétimo livro, “sétima colheita”, um dos poemas, data de 1992. Em 2018, numa sessão na livraria “E.Neves” (hoje Arnaldo França), Oswaldo Osório tinha levantado a ponta do véu sobre essa obra que tinha na forja, descrevendo “Tiresias” como uma colectânea de poemas, em que o título é baseado na personagem de mitologia grega – Tirésias, “um famoso profeta cego, que era considerado o maior e um dos mais notáveis adivinhos da mitologia grega”.
“Esse livro são coisas que passam no nosso tempo e no mundo e são coisas desagradáveis de convívio humano, de falta de humanidade, falta de fé e de espaço”, disse na ocasião. Realçando também que o livro destaca ainda algumas contribuições que têm havido no mundo, como “grandes avanços tecnológicos e grandes conquistas da Física e noutros sectores de conhecimento humanos”.
Apesar dessas contribuições, referiu que o “homem não se reconcilia consigo próprio e torna cada vez mais desumano”.
A apresentação de Tiresias está a cargo de Fátima Fernandes, professora universitária e membro  da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa, também autora do prefácio do livro. O livro será assim dados a conhecer pelas 18h na Biblioteca Nacional, na Praia. 
Oswaldo Alcântara Medina Custódio nasceu no dia 25 de Novembro de 1937, no Mindelo, mas reside na cidade da Praia, há várias décadas. Escritor reconhecido, publicou 11 livros entre os quais um romance, um de contos e dois ensaios, além dos poemas que lhe são característicos. Pela qualidade do seu trabalho é considerado um dos mais importantes nomes da literatura cabo-verdiana.
GC

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