Após cinco anos na Oposição, o poderoso clã Rajapaksa retornou ao Poder no Sri Lanka, neste domingo, 17, com a eleição de Gotabaya Rajapaksa, muitas vezes apelidado de “Exterminador”, à Presidência da ilha do Sul da Ásia.
“Vamos celebrar com tranquilidade, dignidade e disciplina. E vamos nos lembrar de que todos os cidadãos devem ser incluídos nesta nova aventura”, disse Gotabaya Rajapaksa ao anunciar a vitória, poucos minutos depois do rival Sajith Premadasa admitir sua derrota.
A estimativa é de que Gotabaya Rajapaksa tenha obtido “entre 53 e 54 por cento (%)” dos votos. Os primeiros resultados oficiais já mostravam a tendência deste ex-soldado, de 70 anos, em direcção à maioria dos votos. “É uma vitória clara. Nós tínhamos imaginado isso. Estamos muito satisfeitos que “Gota” seja nosso próximo presidente “, acrescentou seu porta-voz, dizendo que o candidato deve prestar juramento já nesta segunda ou terça-feira.
Dos quase três milhões de votos já apurados, o irmão do ex-Presidente Mahinda Rajapaksa (2005-2015) conquistou 48,2%. A expectativa é de que os resultados nas áreas cingalesas, a maioria étnica do País que forma a base eleitoral do Rajapaksa, o levem acima da marca de 50%.
Seu rival Sajith Premadasa, candidato do Partido no poder, ficou atrás com 45,3% dos votos, de acordo com os resultados provisórios. Gotabaya Rajapaksa liderou uma campanha nacionalista e focada na segurança numa Nação ainda devastada pelos ataques jihadistas ocorridos na Páscoa, que deixaram 269 mortos. A 21 de Abril, homens-bomba explodiram hotéis de luxo e igrejas cristãs durante a celebração de missas.
O clã Rajapaksa deixou uma marca da separação e repressão das minorias: o irmão de Gotabaya, Mahinda, governou a Ilha por dez anos com um punho de ferro, ele pôs fim à guerra contra a rebelião tâmil com um banho de sangue que matou mais de dez mil civis tâmis. Membros dessa minoria foram presos arbitrariamente, acusados de colaborar com os rebeldes.
Gotabaya Rajapaksa, apelidado de “Exterminador”, era secretário de Estado da Defesa na época e é acusado por tortura perante o Tribunal dos Estados Unidos da América. Fica a expectativa e a promessa, feita por ele mesmo durante o discurso de vitória, de provar que pode respeitar os direitos das duas principais minorias do país: tâmis e muçulmanos, que juntos representam 21% da população do Sri Lanka.
Com RFI