O líder da Juventude do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (JPAI) apelou ontem ao Governo diligências para acalmar os pais e cerca de 80 estudantes cabo-verdianos que vivem na Bolívia, onde actualmente se encontra em crise política.
Fidel Cardoso, que fez este pedido em conferência de imprensa para falar da situação dos estudantes cabo-verdianos na Bolívia perante a crise política que se vive naquele país da América Latina, disse que ainda não se registou nenhum incidente envolvendo cidadãos cabo-verdianos, mas que, no entanto, “há muita preocupação face à esta situação”.
“Infelizmente, não temos uma representação técnica e diplomática na Bolívia, o que acaba por gerar uma onda de preocupação, visto que essa situação clama por alguma prudência, não só por parte dos cidadãos cabo-verdianos, mas também entendemos que o Governo deve fazer algumas diligências no sentido de acompanhar esta situação”, demonstrou.
Segundo o mesmo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros deve ter uma posição oficial para acalmar os pais e os estudantes cabo-verdianos que residem-na Bolívia, maioritariamente no departamento de Cochabamba. Conforme o líder da JPAI, os cidadãos cabo-verdianos na Bolívia encontram-se “um pouco aflitos”.
“Reiteramos a necessidade de haver um contacto oficial do Governo de Cabo Verde com as autoridades bolivianas para que se possa esclarecer e ver o que se pode fazer, caso venha a acontecer alguma situação mais grave”, precisou.
Sobre este facto, Fidel Cardoso garantiu que vai propor a discussão do assunto durante as sessões de trabalho na cimeira da internacional socialista, que se realiza a partir de 15 de Novembro, na Cidade da Praia. “Vão chegar várias delegações da América Latina que nos poderão dar mais informações sobre a actual situação que se vive naquele país, mas também o momento servirá, também, para alguma cooperação, caso vier a ser necessário”, explicou.
No seu entender, apesar de os estudantes cabo-verdianos estarem a estudar por conta própria na Bolívia, merecem “todo o apoio” do Estado de Cabo Verde. De acordo com a mesma fonte, a embaixada do Brasil na Bolívia, que, neste caso, poderia apoiar Cabo Verde se ocorrer algum incidente, encontra-se fechada e vários estudantes brasileiros já abandonaram aquele país.
Após as últimas eleições, a Bolívia passa por uma crise política, com “insegurança generalizada”, devido a manifestações e confrontos entre militares, policiais e seguidores do presidente Evo Morales, que se demitiu do cargo no domingo, 10 de Novembro.
Segundo a BBC News Brasil, Evo Morales, que se encontrava no poder desde Janeiro de 2006, foi o presidente boliviano que esteve no cargo por mais tempo na história do país. Conforme a mesma fonte, os problemas de Morales começaram na noite das eleições de Outubro, quando o Supremo Tribunal Eleitoral (STE) suspendeu a rápida contagem de votos num momento em que já estavam contabilizados 83 por cento (%) dos votos depositados nas urnas.
Citada pela RTC, a porta-voz dos jovens estudantes cabo-verdianos, Elba Fonseca pede ao Governo de Cabo Verde para, “ao menos procurar inteirar-se da situação”, já que, segundo a mesma, a imprensa internacional foi impedida pelo Presidente Morales de fazer o seu trabalho.
Na ausência duma representação diplomática na Bolívia, estudantes cabo-verdianos radicados sobretudo em Cocha Bamba, La Paz e Santa Cruz, temem que o pior aconteça e pedem uma concerteação entre o Governo de Cabo Verde e a embaixada cabo-verdiano no Brasil, para tomarem pulso da situação.
Crise política na Bolívia: JPAI apela ao Governo diligências para acalmar pais e estudantes cabo-verdianos naquele país
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