O ministro da Agricultura e do Ambiente, Gilberto Silva, que falava na abertura do primeiro debate parlamentar do mês de Novembro, considerou que, não obstante os constrangimentos que o país enfrenta, devido à seca severa, os resultados alcançados na promoção no sector da agricultura e a melhoria das condições de vida das famílias são concretos e positivos.
O governante afirmou que os ganhos registados na mitigação desta seca severa e prolongada, que afecta o país desde 2017, mostram que houve assertividade na estratégia de intervenção e nas respostas e que houve transparência e bom uso nos recursos disponibilizados.
Segundo disse, foram várias as acções levadas a cabo pelo Governo com destaque para as pessoas do campo, que são as mais afectadas com a falta de chuva, e que foram contempladas com acções que ajudaram a garantir o seu rendimento e a melhorar as suas condições de vida.
Entretanto, o ministro frisou que o sector agrário é o mais afectado pela seca, e que, ciente desses constrangimentos, o Governo não poupou esforços para manter os investimentos no sector e ajudar as famílias a preservarem as suas actividades.
“Refiro-me à temática da água para a agricultura, com a instalação de sistemas fotovoltaicos, reabilitação de furos, perfurações, reabilitação de galerias, realização de projectos hidroagrícolas, reabilitação de sistemas de rega, promoção da produção através de instalações do sistema gota-a-gota, criação de novos perímetros agrícolas, estudos de cadeias de valores de vários produtos, sessões de formações, construções de currais, entre outras intervenções”, apontou.
O desafio da mobilização e gestão da água, conforme fez saber, tem sido enorme e os ganhos registados através de políticas adoptadas, devem, no seu entender, servir de motivo de orgulho, revelando que a instalação das unidades dessalinizadores beneficiou cerca de 95 mil cabo-verdianos num investimento que ronda os 4 milhões de contos.
No entanto, para fazer face ao terceiro ano consecutivo do mau ano agrícola, de acordo com o ministro da Agricultura, já foi preparado, no valor de um milhão de contos, um programa de actuação, em contar com investimentos estimados no mesmo montante para reforçar a mobilização e gestão da água para a agricultura e abastecimento humano.
Destacou, por outro lado, os ganhos conseguidos no sector do ambiente que regista múltiplas intervenções nos municípios com recursos ao Fundo do Ambiente, a projectos sectoriais relacionados com a preservação da natureza, através das áreas protegidas e a preservação de certas espécies, reforço da legislação e dos recursos humanos.
Por seu turno, a deputada da bancada do PAICV Eva Ortet durante na sua intervenção nesse debate que isto servirá para mostrar a pouca visão e o incumprimento do actual Governo para o sector agrícola no mundo rural, afirmando que após os três anos de seca, as pessoas que vivem da agricultura e pecuária estão desanimadas e desiludidas.
“Estranhamente, continuamos a constatar que não há uma assunção por parte deste governo do sector agrícola e pecuária como sector estratégico e prioritário: Há um verdadeiro desnorte e não se sabe qual é o rumo deste governo para o importante sector de desenvolvimento do país, do reforço da coesão social e do combate à pobreza”, disse, afirmando que a dinâmica do agro-negocio e a mudança que se desenhava para um sector importante da economia do país pararam no tempo.
Por seu turno, o deputado da bancada parlamentar do MpD João Cabral reconheceu que o país enfrenta dificuldades causadas pela seca e mau ano agrícola, salientando, entretanto, que o Governo, através do ministério da Agricultura e do Ambiente, soube enfrentar e dar respostas positivas, pondo em prática a estratégia previamente delineada.
“A bancada do MpD encoraja o governo a mobilizar os recursos, a continuar a implementar o programa de mitigação do mau ano agrícola e a prosseguir com as medidas estruturadas que permitam o sector agrário e as comunidades tornarem menos vulneráveis a seca”, declarou.
E para que os resultados continuem positivos, defendeu que há a necessidade de se reforçar as acções para assegurar as condições do sistema produtivo no domínio da agricultura e pecuária e fortalecer a resiliência das comunidades rurais, garantindo os meios de rendimento e condições de segurança das famílias mais afectadas pela seca.
O deputado da UCID António Monteiro reconheceu, entretanto, que o Governo tem feito algum esforço no que se refere a implementação de políticas para a mobilização e gestão da água para a agricultura, mas sublinhou que mesmo não tem sido suficiente para dar respostas às necessidades das famílias do campo.
Chamou a atenção do governo sobre a importância de se apostar na utilização da tecnologia em termos de pastagens, apontando, neste contexto, o Maio como uma ilha exemplar, onde poderia se implementar o projecto, quer a nível da dessalinização quer a nível de furagem e conseguir, através da referida ilha, alimentar grande parte da população cabo-verdiana.
Fonte: Inforpress
Parlamento: Ministro da Agricultura destaca ganhos concretos, mas PAICV acusa Governo de falta de visão na promoção do sector
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