O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos enviou uma missão especial de três semanas ao Chile para averiguar denúncias de violações aos direitos civis durante os violentos protestos no País.
“Estávamos reflectindo sobre esta missão técnica e seguindo muito de perto os acontecimentos no Chile, como fizemos no passado com Equador e Venezuela”, disse Marta Hurtado Gomez, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos – citada pela RFI.
“Recebemos um convite de um grupo de parlamentares, e, no dia seguinte, um convite formal do Governo do Chile. Pensávamos enviar essa missão quando diversos setores da sociedade chilena, parlamentares e depois o governo nos convidaram. É muito melhor e mais frutífero para uma missão quando ela se passa em concordância com o Executivo”, afirmou à RFI.
Segundo a porta-voz, a missão local será a de procurar informações e tentar identificar, através de lideranças de associações de direitos humanos, o que se produziu durante estes dias.
Mais de 1,2 milhão de pessoas foram às ruas no sábado, 26, para exigir uma sociedade mais justa, quando o governo chileno finalmente suspendeu o toque de recolher, que ficou em vigor durante sete dias. Os chilenos reivindicaram mudanças no modelo económico neo-liberal instaurado pelo ex-ditador Augusto Pinochet, que se consolidou no período democrático agravando as desigualdades. Desde o início da mobilização, mais de 500 pessoas foram hospitalizadas por disparos de armas de fogo, de balas de chumbo ou flashballs, e mais de 2.000 foram presas. Os protestos deixaram pelo menos 19 mortos.
O grupo enviado pela ONU também tentará fazer uma análise preliminar com respeito à prestação de contas dos protestos.
Outro ponto importante desta missão da ONU é que ela deverá fazer uma análise das causas e razões dos protestos e a visão que os chilenos têm dos direitos económicos e sociais.