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Economia

“Cabo Verde Connect” quer entrar no mercado aéreo inter-ilhas

A intenção de entrar no mercado aéreo cabo-verdiano, dentro de seis meses, foi avançada ao A NAÇÃO pelo director-geral da Cabo Verde Connect, o português José Madeira.

A CV Connect tem por trás a Lease-Fly (que opera há 12 anos no mercado europeu e africano, com ATR’s), ao qual se junta o grupo Newtour, que detém, entre outras, a Soltrópico, o principal emissor de turistas portugueses para Cabo Verde.

Àqueles dois accionistas portugueses junta-se também o grupo hoteleiro New Horizons, presente no Senegal e em Cabo Verde, onde detém o Royal Horizon (Boa Vista) e tem em construção, no Sal, dois importantes empreendimentos, o Ponta Sino Royal Horizon Family e o Ponta Sino Royal Horizon Beach.

Dos três accionistas, a Lease–Fly passou a prestar serviço à CVA em algumas rotas inter-ilhas, em Agosto passado, em regime de alocação, com o ATR42-300, para o escoamento de passageiros e bagagens do hub do Sal.    

“O que nós pretendemos é agilizar o processo de feeding da CVA e potenciar aquilo que é a oferta para o mercado inter-ilhas e regional. E quando falo regional inclui Dakar (Senegal) e outros países do oeste africano”, explica José Madeira.

Prestacção de serviço à CVA

Entretanto, sendo o processo de certificação de operador de transporte aéreo junto da Agência da Aeronáutica Civil (AAC) relativamente longo, até lá, a CV Connect vai prestar serviço à CVA, a partir de 1 de Novembro, com um avião da Lease Fly, com registo cabo-verdiano.

“Portanto, seis meses depois do dia 1 de Novembro, esperamos poder estar em condições de começar a voar, em pleno, como companhia aérea de lei cabo-verdiana”, reforçou.

Madeira esclarece ainda que o avião que já opera em Cabo Verde, e que é da Lease Fly, passará para registo cabo-verdiano e integrará, “juntamente com outros (aviões) que virão mais tarde”, a frota da CV Connect.

Rotas

O acordo entre as duas companhias, revela José Madeira, tem a ver com as condições de mercado e com as necessidades da CVA em termos de feeding, fora outros factores.

“Portanto, é uma conjugação de diversos factores, a necessidade da CVA garantir o seu feeding, o mercado que está em crescimento e onde existe, claro, lugar para um operador que pode beneficiar todos os operadores, e o mercado em geral”, justifica. 

Numa primeira fase, a CV Connect vai operar com um avião nas rotas do Sal, São Vicente e Praia. “Mais tarde virá outro avião que complementará esta oferta”, adianta José Madeira.

A confirmar-se, cada avião terá quatro tripulações completas, o que já acontece com o aparelho que vai começar a operar a 1 de Novembro. A CV Connect, garante o nosso entrevistado, irá ainda contratar “gestores, administrativos e outros técnicos que terão de ser, essencialmente, cabo-verdianos”.

Dois milhões de euros investidos

O investimento da CV Connect será, no entanto, gradual.

“Estamos a começar com um investimento na ordem dos dois milhões de euros e, depois, dependendo das necessidades de frota e das necessidades de investimento na estrutura, iremos avançar com mais”, esclarece.   

Além do mercado inter-ilhas, a companhia diz que tem em estudo “outras propostas” para ligar Praia à Europa e charters, também, para São Vicente e Boa Vista, uma vez que  “há uma procura grande de charters” para esses destinos. Também, o que aconteceu com a Thomas Cook “pode ter deixado a descoberto algum tráfego turístico para a Boa Vista”.

Quanto à venda de passagens, José Madeira refere que a CV Connect vai apostar em várias formas de distribuição, ou seja, não só na Newtour, porque quer “uma abrangência total” nas vendas.

“Alguns voos podem ser até em codeshare com a CVA. Pode haver situações que, para feeding, o avião até seja todo comprado pela CVA, porque necessita de transportar esses passageiros…”, explica. 

CVA em silêncio

A NAÇÃO sabe, entretanto, que a “Newtour” já está instalada ainda que “informalmente” em algumas lojas da antiga TACV (actual CVA).

Segundo uma fonte bem posicionada, neste momento, o “front office” da CVA no aeroporto de Lisboa é feito por pessoas com contratos de trabalho com a Newtour, não com a CVA.

O mesmo se passa com o “front office” da loja no Platô e no aeroporto da Praia. Ou seja, na prática, a “Newtour” já está a gerir o programa de vendas da CVA, através das pessoas contratadas pela Newtour.

Inclusive, para esclarecer este, e outros aspectos, da parceria CVA/Newtour/CVConnect, A NAÇÃO tentou chegar à fala com Raul Andrade, Administrador Comercial da CVA, mas este remeteu-nos para um “acordo de confidencialidade” dessa parceria que o impede de falar à comunicação social.

“Abstenho-me de comentar as questões referidas, pois já terão sido certamente respondidas pela CV Connect”, disse.

De referir ainda que este jornal contactou a AAC para saber o estado do pedido de certificação de operador aéreo da CV Connect. E aqui a resposta foi: “AAC informa que não tem conhecimento oficial sobre a existência da companhia aérea Cabo Verde Connect. Igualmente, até ao momento, não deu entrada na AAC, nenhuma documentação ou pedido proveniente da referida companhia aérea”. 

GC

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