O professor de Economia Africana do ISEG, em Lisboa, considera que o turismo vai manter-se como o principal motor da economia de Cabo Verde, mas destaca a possibilidade de criação de uma zona económica especial da economia do mar.
“Do ponto de vista da economia, o país não tem realmente grandes recursos de transformação, que poderiam sustentar uma indústria extrativa ou um setor industrial transformador, ou uma indústria agrícola; o que existe é uma economia baseada nos serviços do turismo, que é o grande trunfo de Cabo Verde”, defendeu o economista e professor no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) em Lisboa Manuel Ennes Ferreira.
Em entrevista, antecipando a conferência que a agência Lusa vai realizar na sexta-feira, na Cidade da Praia, em Cabo Verde, sobre o futuro da economia do arquipélago, o especialista lembrou que “ao longo do tempo tem havido discussões sobre as opções estratégicas do desenvolvimento, se deviam apostar na indústria ou nos serviços”, mas salientou que “o turismo é o grande esteio da economia de Cabo Verde”.
Para Manuel Ennes Ferreira, isto não significa que o país não deva apostar noutras indústrias, mas o importante é garantir que a indústria do turismo, o maior motor da economia, se continua a modernizar e a cativar clientes.
“Há um ponto que me chamou muito a atenção nos últimos tempos, que é a possibilidade de uma aposta na criação de uma zona económica especial da economia do mar, que, pelas características que tem, pode ser um polo essencial em termos de efeitos a jusante e a montante de atividade económica e de serviços que possam beneficiar o país”, apontou o economista.
“O facto de se falar nisto há muitos anos, mas agora ter sido concretizada e publicada a lei para São Vicente, com a China por trás, a ter feito o estudo de viabilidade, o lançamento desta zona económica especial, para mim, cria grande entusiasmo”, acrescentou.
“Esta zona económica especial de economia do mar é uma porta aberta para uma transformação industrial, para a prestação de serviços, inovação, pesquisa e transportes, e isso pode ser mais um elemento que venha a ter um impacto baste interessante em Cabo Verde, não substituindo, como é natural, o turismo”, vincou.
Fonte: Lusa