As autoridades de Hong Kong indeferiram, esta segunda-feira, 30, o recurso apresentado pelo Movimento que convocara uma grande manifestação pró-Democracia para esta terça-feira, 1 de Outubro, quando se assinala o Dia Nacional da China, indicou à Lusa a porta-voz da Organização.
A Frente Cívica de Direitos Humanos foi responsável pelas manifestações que levaram à rua – segundo dados da Organização contestados pela Polícia -, um milhão de pessoas a 9 de Junho, dois milhões a 16 de Junho e 1,7 milhões a 18 de Agosto, sendo que esta última havia, também, sido proibida pela Polícia.
Apesar da proibição policial e dos avisos das autoridades de que a participação ilegal numa manifestação poderia resultar numa pena de prisão até cinco anos, a população voltou a protestar nas ruas em grande número e o dia terminou, novamente, a ser marcado por violentos confrontos entre manifestantes e as Forças de Segurança.
“Temos procurado promover protestos pacíficos, sempre de acordo com a Lei, mas esta já é a terceira manifestação proibida. As pessoas vão acabar por ir para as ruas, seja como for, o que pode ser ainda mais perigoso”, alertou Bonnie Leung, em declarações à Lusa, na sexta-feira, assim que foi conhecida a decisão de proibir a manifestação.
A razão é simples, para Bonnie Leung: “Por um lado, as pessoas vão acabar por ir à mesma para as ruas. Mas por outro, também percebemos que isto corresponde a uma estratégia das autoridades para depois terem a desculpa para efectuarem as detenções e usarem de violência para com os manifestantes”.
“Eles sabem o quão poderoso pode ser ter milhões de pessoas nas ruas e querem silenciar-nos, mas estão a falhar na tática”, concluiu.
O Governo de Hong Kong anunciou a retirada formal das emendas à polémica Lei da Extradição que esteve na base da contestação social desde o início de Junho.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da Chefe de Governo e consequente Eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o Parlamento de Hong Kong.
A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio: “Um País, Dois Sistemas”.
Tal como acontece com Macau, para aquela Região Administrativa Especial da China foi acordado um período de 50 anos, com elevado grau de autonomia, a nível Executivo, Legislativo e Judiciário, com o Governo central chinês a ser responsável pelas Relações Externas e Defesa.