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Política

Centro da CPLP propõe à ONU conferência para mobilizar 7 milhões de euros para projetos de alterações climáticas

O Centro Internacional de Investigação Climática e Aplicações para a CPLP e África (CIICLAA) propôs à ONU a realização de uma conferência de doadores no próximo ano, para mobilizar cerca de sete milhões de euros para projetos prioritários.
A informação foi avançada à agência Lusa, na cidade da Praia, por Sérgio Ferreira, meteorologista e consultor do CIICLAA, no âmbito do fórum que o centro organiza sobre “Clima/Variabilidade e Alterações Climáticas – Impactos na Economia na CPLP e em África”.
“Já escrevemos ao secretário-geral da ONU, António Guterres, dando a conhecer esta iniciativa e convidando-o para ele se juntar a nós e a CPLP para podermos fazer uma conferência de doadores, que queremos que seja feita no primeiro trimestre do ano que vem. A nossa estratégia é conseguir esses financiamentos”, perspetivou Sérgio Fonseca.
Dos 10 projetos em carteira, o CIICLAA pretende mobilizar cerca de sete milhões de euros para cinco que considera ser prioritários, mas também porque neste momento não consegue começar com todos, segundo o consultor, um dos impulsionadores deste centro de investigação climática da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com sede em Cabo Verde.
O primeiro projeto é um estudo de Aplicações Teledetecção Atmosférica na África do Oeste, que segundo Sérgio Ferreira, vai englobar Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Senegal e Gâmbia.
O objetivo é ter uma rede de sensores de descargas atmosféricas e utilização da informação de radar para apoiar as atividades de outros países africanos fora da CPLP, nomeadamente os desastres naturais, mas também fenómenos na agricultura e segurança alimentar, florestas, transporte, atividades marítimas e pescas e energia.
Outro projeto que considerou muito importante para todos os países de língua portuguesa vai ser desenvolvido por especialistas brasileiros, no sentido de trabalhar na previsão climática a longo prazo na comunidade, tendo também uma forte componente de capacitação, e cujo polo operacional vai ser o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) de Cabo Verde.
Por outro lado, o CIICLAA pretende implementar um projeto piloto no domínio da saúde, que é a deteção remota da malária, neste caso em Moçambique, e se tudo correr bem será alargado a outros países.
Outros dois projetos que o centro tem em carteira é a abertura de um mestrado em Clima, Risco e Catástrofes na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) e a operacionalização de um sistema de alerta precoce para situações de risco, com enfoque na seca, que afeta todos os países africanos lusófonos, a exceção de São Tomé e Príncipe.
Para implementar todos esses projetos, o CIICLAA precisa de cerca de sete milhões de euros, contabilizou Sérgio Ferreira.
“Queremos ir buscar financiamento para estes projetos na conferência de doadores”, indicou o consultor, referindo que o local do encontro ainda não foi definido.
A mesma fonte adiantou que outra linha de financiamento em que o CIICLAA está a começar a trabalhar é o Fundo Verde para o Clima, onde, recordou, recentemente Timor-Leste foi buscar 20 milhões de dólares (18,1 milhões de euros).
Além dos projetos, o consultor luso-moçambicano disse que outro dos grandes problemas do CIICLAA é o financiamento para o seu funcionamento, que engloba viagens, salários, cursos de curta duração, que está orçamentado em 400 mil euros anuais.
“Não se pode dizer que as questões e alterações climática são extremamente importantes e depois quando se quer fazer, não se faz nada. O CIICLAA tem um lema muito prático: precisamos de criar capacidades para investigar, conhecer e agir”, considerou.
O fórum, que se prolonga até quinta-feira, é organizado pelo Núcleo Central da Comissão Executiva do CIICLAA, com apoio do secretariado-executivo da CPLP.
Além das sessões científicas com apresentação de comunicações orais ou posters, no evento será feita uma homenagem póstuma ao professor catedrático e climatologista João Corte Real, o mais antigo investigador português do clima, que morreu em novembro do ano passado.
Lusa

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