O representante do PAICV, em São Vicente, Alcides Graça, denunciou aquilo que considera uma situação indigna pelo que passam os doentes renais na Cidade da Praia, bem como os seus familiares que, em caso de óbito não dispõem de condições para fazer a transladação do corpo para a sua ilha natal.
Segundo Graça, os doentes com insuficiência renal crónica e obrigados a viver na Praia por falta de um centro de hemodiálise no norte do país, vêm-se afastados do meio familiar e em situação de instabilidade, o que provoca uma disrupção em relação à vida social, profissional e emotiva do mesmo.
“É que o INPS garante apenas a viagem para a Praia, o subsídio de estadia e uma comparticipação no funeral. A transladação do corpo é da responsabilidade da família do doente e, quem não tiver condições para fazê-lo, o funeral do seu ente querido vai decorrer longe da sua família e em condições indignas.”
Graça diz que foi contactado, por telefone, por um doente na Cidade da praia que dá conta que em 2019, já faleceram seis doentes e que estes foram enterrados em más condições.
Ainda, que os restantes doentes só ficaram a saber dos óbitos dias depois do enterro, quando se deslocaram ao centro para o seu tratamento, situação que consideram desumana.
Neste sentido, Graça exorta o Ministério da Saúde e o INPS a procurarem uma solução que garanta o funeral dos óbitos ocorridos durante o tratamento dos doentes com insuficiência renal na sua ilha de origem.
“É o mínimo que se pode exigir. É uma questão de dignidade humana”, considera.
Esta situação, diz ainda, deixa claro a urgência na construção do centro de hemodiálise em São Vicente, já que a maioria dos pacientes na Cidade da Praia, cerca de 70%, correspondente a 63 pessoas, são das ilhas do norte, grande parte de São Vicente e Santo Antão.
O Governo tinha anunciado o término das obras do novo centro de hemodiálise, no Hospital Batista de Sousa, para o segundo semestre de 2019. Graça diz, no entanto, que possui garantias de que estas não ficarão concluídas ainda este ano.