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Ambiente

Projecto da FAO em Cabo Verde quer utilizar águas residuais tratadas na agricultura

Um projeto piloto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) vai permitir a utilização de águas residuais, após tratamento, na agricultura de Cabo Verde, ajudando a mitigar os efeitos da seca.
De acordo com informação prestada à Lusa por fonte do escritório da FAO em Cabo Verde, este projeto-piloto tem componentes no Mindelo, ilha de São Vicente, e no Tarrafal, ilha de Santiago, irrigando dois hectares de terrenos, e um investimento global de 390 mil dólares (350 mil euros).
No Mindelo, o projeto de utilização de águas residuais tratadas sem risco na agricultura está a ser implementado na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Ribeira de Vinha, permitindo tratar 50 dos 1.500 metros cúbicos diariamente produzidos naquela central.
O objetivo é utilizar a água tratada na produção de culturas hortícolas sem qualquer risco de contaminação, sendo “abrangidos 11 beneficiários diretamente e, indiretamente, toda a população rural, que terá disponível uma nova tecnologia de tratamento de águas usadas”.
“A água produzida pelo projeto-piloto será segura e respeitará os parâmetros estabelecidos pela OMS”, garante a FAO, que financia este projeto, implementado pela delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente, e que prevê a sua entrada em funcionamento até final do ano.
Aquela agência da ONU sublinha que a segurança dos alimentos produzidos com águas residuais depende de vários fatores, desde logo da origem dos afluentes, do tipo e método de tratamento ou da monitorização da qualidade da água em todo o circuito do tratamento.
“Cabo Verde possui um clima tropical seco, as precipitações são fracas ou nulas, os recursos hídricos são limitados e as secas são cada vez mais frequentes e/ou cíclicas, pelo que as águas residuais tratadas são recursos que podem ajudar a minimizar os problemas de carência de água para a agricultura e a floresta”, sublinha a FAO.
Na ETAR de Ribeira de Vinha este projeto vai abranger sete das 90 parcelas dos 30 hectares agrícolas de Tchon d’Holanda, área que foi desenvolvida também com a contribuição de outros projetos financiados pela FAO.
Numa perspetiva integrada, será ainda garantida a capacitação de agricultores e técnicos das Câmaras Municipais e do Ministério do Ambiente nos dois concelhos, sendo ainda utilizado para demonstrar o aproveitamento com qualidade das águas residuais, com recurso a novas tecnologias.
O objetivo é melhorar “os meios de existência da população rural através da disponibilidade de água de melhor qualidade para atividades agroflorestais e sem riscos para a saúde publica”, garante a FAO.
Cabo Verde enfrenta desde 2017 um período de seca e este projeto prevê ainda a capacitação de agricultores e técnicos das Câmaras Municipais e do Ministério de Agricultura e Ambiente dos dois concelhos.
O projeto-piloto de tratamento de águas residuais funcionará com recurso a energias renováveis, com a instalação de painéis solares.
“Para a execução deste projeto, há a exigência de se possuir materiais e equipamentos que não são encontrados facilmente no mercado local, o que implica a sua importação. Mas prevê-se a conclusão das atividades até final deste ano”, explicou a fonte da FAO.
LUSA

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