Basquetebolista de 39 anos que dispensa apresentações no cenário do Desporto Nacional. Deu os primeiros passos na modalidade ao serviço de Pé Longe e Cruzeiros, ambos em Cabo Verde. Rumou a Portugal Telecom (super equipa com a qual venceu tudo o que havia por vencer nesse país). Passou pelo Figueira da Foz, FC Porto, 1º de Agosto (Angola onde foi tres anos campeão de África), Benfica, Asa (Angola) e Vets (Cabo Verde). Pela selecção não foi diferente e esteve em cinco Afrobasket, de 2007 a 2015.
Contudo, na recta final desta jornada viu-se a meias com uma lesão no joelho e, submetido a intervenções cirúrgicas, nunca mais foi o mesmo. “Infelizmente tive que parar um pouco cedo, porque, da minha segunda operação ao joelho, eu não estava a recuperar tão bem e depois de consultar uns dois médicos e também por algum motivo pessoal, decidi voltar para Cabo Verde”, diz Rodrigo Mascarenhas.
O que faz um atleta de sucesso após terminar a carreira? A resposta nem sempre é fácil. No caso de Rodrigo Mascarenhas, calhou ter um primo chefe de cozinha. Corria o ano de 2012 e, juntos, frequentaram um curso promovido pelo Pingo Doce, em Portugal. Foram introduzidos a um novo conceito que meses depois começaram a reproduzir na ilha de São Vicente, com o estabelecimento Palm Alimentação e Catering.
“Abrimos as portas no dia 22 de Dezembro de 2012. As pessoas em Cabo Verde têm hábito de frequentar restaurantes sempre ‘à la carte’ ou então prato do dia. Nós funcionámos no modelo de cantina, em que o cliente chega e todos os dias encontra quatro pratos diferentes. Normalmente dois de peixe e dois de carne, mais frango grelhado”, explica o sócio-gerente, Rodrigo Mascarenhas.
Este conceito de cantina normalmente destina-se às pessoas que não têm muito tempo a perder entre o horário de trabalho, ou também às famílias reduzidas. Para além da comida no próprio estabelecimento, Palm apresenta uma percentagem muito grande de “Take Away”, que permite aos clientes levar as refeições para serem consumidas em outro espaço.
Além de Rodrigo Mascarenhas e o chefe Lamine (seu primo), trabalham no Palm onze funcionários, nomeadamente condutores, balconista, caixa e cozinheiro. No início, ainda quando as dúvidas eram muitas, trabalhavam no espaço apenas seis funcionários. A partir desse dado pode-se constatar que o volume do negócio foi aumentando gradualmente.
“Tínhamos muitas dúvidas por ser um conceito novo, mas acreditamos desde início. Fomos criando estratégias. Eu, no meu caso, não era a minha área, mas já tinha alguma prática e aos poucos fui melhorando. Estivemos em Portugal durante cerca de 20 dias num estágio, em que aprendemos o know-how do negócio e claro que tivemos que adaptá-lo. Discutíamos se deveríamos abrir aos domingos ou não e acabamos por ver que domingo é o melhor dia”, avança.
Kavala Fresk Feastival
No fim de semana passado, Palm abriu as suas portas para o público mindelense, num espaço diferente, no Kavala Fresk Feastival. Palm faz parte do evento cultural e gastronómico desde a primeira edição, em 2013.
“Temos uma forte amizade com os organizadores e acabámos por ser dos restaurantes de referência. Inclusive, muita gente nos confunde com a organização. Ainda este ano fomos procurados por pessoas que nos confundiram com a organização. Acompanhamos toda esta evolução e nos dois últimos anos, assistimos a muitas mudanças”.
Rodrigo Mascarenhas não tem dúvidas de que o Kavala Fresk Feastival é uma boa oportunidade para dar a conhecer ainda mais os seus serviços. Estando a sair de uma época baixa para o negócio (Abril, Maio e Junho), o certame surge como “ouro sobre azul”.
Conciliar com o Basquetebol
Palm já leva quase sete anos a funcionar e apesar de Mascarenhas ter abandonado a carreira de atleta profissional, não se desligou totalmente da modalidade. Actualmente assume as funções de coordenador do basquetebol no clube sanvicentino, Farense.
“No início eu não tinha tanto tempo para o basquetebol. Tinha uma escola de basquetebol, mas tive que parar quando entrei para a federação porque era uma incompatibilidade. Criei a equipa Mindelvets, onde joguei durante três anos e agora estou novamente no activo com a coordenação no Farense. Quando há vontade e carinho consegue-se arranjar tempo para tudo e o basquetebol deu-me tanta coisa que sinto que tenho a obrigação de retribuir”, conclui Rodrigo Mascarenhas.