Os bancos que operam em Cabo Verde apresentaram, globalmente, lucros superiores a 5,8 milhões de euros em 2018, uma quebra de 39,2% face ao ano anterior e com 12,2% do crédito total concedido no país em situação de vencido.
De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira de 2018, divulgado hoje pelo Banco Central de Cabo Verde, que tem a responsabilidade de supervisão de 11 bancos (com autorização de funcionamento genérica e restrita), o volume total de depósitos de clientes aumentou 4,3% face ao ano anterior, chegando aos 208,4 mil milhões de escudos (1.897 milhões de euros).
Na demonstração de resultados, os bancos que operam em Cabo Verde viram a margem financeira subir, globalmente, 16,5%, o ano passado, para 7.364 milhões de escudos (67 milhões de euros), e os lucros (após impostos) caírem para 644 milhões de escudos (5,8 milhões de euros), também face a 2017.
Esta queda é justificada pelo banco central com a reposição, por decisão judicial imposta ao “maior banco nacional” – BCA, detido pela Caixa Geral de Depósitos -, de uma contribuição no montante de 1,1 mil milhões de escudos (10 milhões de euros) “para o fundo privativo de segurança social daquele banco”.
O relatório aponta ainda uma melhoria nos indicadores de qualidade de crédito em 2018, que “resultou do efeito conjugado de uma redução mais expressiva dos ‘stocks’ de crédito com imparidade e em incumprimento”, em 1,4 mil milhões de escudos (12,7 milhões de euros) e 600 milhões de escudos (5,4 milhões de euros), respetivamente.
O relatório sublinha a “evolução favorável da qualidade dos ativos do sistema bancário”, com os indicadores de incumprimento a “atingirem os valores mais baixos dos últimos cinco anos”.
A carteira de crédito dos bancos aumentou em 2018 o equivalente a 3,5 mil milhões de escudos (31,8 milhões de euros), valor que em 2017 foi de 6,4 mil milhões de escudos (58,2 milhões de euros). Uma redução que o banco central explica com a adoção de medidas como a retirada de créditos não produtivos do balanço e a recuperação de créditos por via de colaterais (entrega de bens para pagamento).
O crédito em situação de vencido desceu assim um ponto percentual entre 2017 e 2018, para 12,2% do total.
Entre créditos com imparidades e sem imparidades (com reservas para precaver eventuais perdas), os bancos cabo-verdianos tinham em 2018 uma carteira total de 115 mil milhões de escudos (mais de mil milhões de euros).
“[Registou-se] A redução do rácio de cobertura do crédito vencido pelas provisões mínimas regulamentares em 2,9 pontos percentuais, comparativamente ao ano anterior”, lê-se no relatório de 2018, que alerta ainda para a “desaceleração, pelo segundo ano consecutivo”, do crescimento do financiamento do sistema bancário nacional.
Esta situação reflete, “sobretudo, o menor ritmo de constituição de depósitos e, em menor medida, a redução do financiamento das atividades bancárias através do recurso a instituições de crédito e a obrigações subordinadas”, acrescenta.
O banco central refere também que os resultados dos testes de stress realizados em 2018 aos quatro bancos de maior dimensão revelaram, “pelo quarto ano consecutivo, a redução da resiliência das instituições bancárias face a choques adversos à carteira de crédito e a possibilidade de perdas materialmente significativas na carteira” e “com impacto de diminuição expressiva do rácio de solvabilidade, em caso da materialização do risco de crédito”.
Lusa
Bancos cabo-verdianos lucraram quase seis milhões de euros em 2018
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