O vice-presidente da Câmara Municipal da Praia disse hoje que o ataque, a tiro, ao presidente Óscar Santos foi contra toda cidade da Praia, garantindo que a autarquia vai continuar a tomar decisões normalmente.
“Acho que é um ataque a todos nós, porque não é o presidente sozinho que gere a cidade da Praia, é toda a equipa camarária, e é um ataque à cidade da Praia”, disse António Lopes da Silva.
O presidente substituto falava à agência Lusa durante uma visita a obras municipais no quadro da preparação para a época das chuvas, quatro dias após o presidente da Câmara Municipal, Óscar Santos, ter sido baleado quando estava a chegar ao ginásio que frequenta.
António Lopes da Silva disse que foi uma “semana difícil” para a autarquia da capital cabo-verdiana, considerando que o que aconteceu “é grave” e que todos estão tristes.
Mas afirmou que a vida está a decorrer de forma normal, inclusive no mesmo dia, segunda-feira, foi realizado um desfile de tabanca, porque era o dia municipal do género musical cabo-verdiano.
“Levamos a nossa vida normal e esperamos que as autoridades resolvam o caso, em termos de saber quem fez isso, para que possa pagar pelo que fez”, pediu o também vereador pela área do Ambiente da Câmara Municipal da Praia.
António Lopes da Silva aproveitou para tranquilizar os munícipes, garantindo que a autarquia vai continuar a fazer o seu trabalho normalmente.
“Já temos as autoridades competentes a ver esse assunto, [os munícipes] podem estar tranquilos que certamente este vai ser mais um episódio a marcar de forma negativa a cidade, mas a Praia vai ultrapassar isso”, acrescentou.
Na mesma altura, o presidente da Associação Nacional dos Municípios Cabo-verdianos (ANMCV), Manuel de Pina, disse que os autarcas do país enfrentam “riscos vários”, considerando que o Estado vai ter que “garantir e melhorar” a segurança dos presidentes de câmara.
Questionado pela Lusa sobre se sente essa necessidade de mais segurança, António Lopes da Silva disse que todos os que tomam decisões diariamente devem “tomar mais cuidado” com a sua vida.
“Somos confrontados a tomar medidas que muitas vezes não satisfazem a certos grupos, mas estamos a gerir a cidade para todo o munícipe e não para grupos específicos e às vezes esses grupos podem não estar satisfeitos, e nós é que temos de tomar um pouco de cuidado com a forma de nós estarmos na nossa cidade”, referiu o responsável camarário.
O número dois da Câmara da Praia disse que a cidade capital tem conhecido “níveis de desenvolvimento bastante aceitáveis”, reconhecido a nível nacional e internacional, mas reconheceu que ainda persistem problemas e que está a resolvê-los.
“Falamos da globalização de coisas boas, mas infelizmente a criminalidade é o que mais globaliza. É um crime que víamos em outras cidades, em outras partes do mundo, mas nunca pensamos que poderia acontecer na cidade da Praia”, lamentou.
António Lopes da Silva disse que ainda não há uma previsão para Óscar Santos voltar às suas funções, informando que o presidente ainda está internado e vai fazer mais operações cirúrgicas.
Óscar Santos terá sido atacado pelas costas e atingido com um único tiro, por encapuzados que fugiram do local, e foi socorrido por funcionários do ginásio antes de ser transportado para o Hospital Agostinho Neto.
De acordo com informações médicas, o autarca sofreu uma lesão no braço, com fratura do úmero direito.
A Polícia Judiciária (PJ) de Cabo Verde anunciou a abertura de uma investigação e apelou à colaboração de quem tenha alguma informação que ajude a esclarecer o caso.