“Cau”, presidente da associação educativa e comunitária de Boa Entrada, considera que os locais não têm sabido tirar proveito das potencialidades turísticas existentes naquele vale.
“Quando vejo turistas a perguntar se não existe nenhuma loja aqui para comprar pelo menos água ou lembranças da comunidade para levar, fico triste. Há aqui, claramente, um desperdício de oportunidades. Não basta ter potencialidades se elas não são exploradas em benefício das pessoas”.
Guias turísticos pedem mais engajamento
Aldino “Dino” Pereira, um dos responsáveis da agência de guias turísticos “Rural Tours”, avança que Boa Entrada é um dos pacotes turísticos mais vendidos em Santa Catarina. “Levamos muitos dos nossos clientes para visitar o “Pé de Poilão”, diz.
“E tem sido uma experiência incrível porque pessoas de todas as partes querem ir conhecer aquela árvore centenária para fotografar. E feedback tem sido muito positivo”, acrescenta.
Contudo, Aldino Pereira chama a atenção para alguns aspectos que devem ser melhorados, nomeadamente saneamento e forma relacionamento entre a população e os turistas.
“Há lixo de toda a espécie espalhado nas encostas e ribeiras da comunidade.Isso é mau, é preciso sensibilizar a população no sentido de melhorar o saneamento, mas também para receber os turistas de forma mais acolhedora. Notamos que algumas pessoas, especialmente jovens, mandam as crianças para pedir dinheiro aos turistas, o que deixa uma má imagem da localidade”.
Por outro lado, Aldino Pereira defende que a Câmara Municipal deve valorizar o espaço circundante ao pé de Poilão. “Recebemos clientes de diferentes faixas etárias que querem conhecer o pé de Poilão. Muitas pessoas, de terceira idade, devido à condição física têm dificuldade em chegar lá porque o terreno está bastante acidentado. Portanto, a autarquia deve requalificar o espaço, para que todos possam tirar maior daquela maravilha da natureza”.
Conforme Aldino Pereira, é preciso também começar a pensar no turismo sustentável em Boa Entrada. “Até agora a população não está a ganhar nada com a visita de turistas e elas começam a reclamar. Nos outros pontos, em que o turismo é já uma actividade importante, os moradores ganham um pouco com isso. Em Boa Entrada seria importante, por exemplo, criar um negócio para que os turistas possam consumir algo local. Há necessidade de um espaço para oferecer serviços de pequeno-almoço e almoços com produtos locais, sucos de frutas e até espaço para hospedagens de curta duração”, sugere.
Park Poilão gera expectativas
O projecto da Câmara Municipal de Santa Catarina que visa requalificar a zona circundante do Pé de Poilão, criando um parque ecológico denominado “Park Poilão”, é aguardada com alguma espectativa por parte da população local e não só.
“Cau”, presidente da associação local, acredita que muita coisa vai mudar na comunidade caso o projecto for implementado, assim como se encontra desenhado. “O projecto vai criar alguns postos de trabalho e será também um incentivo para jovens abrirem os seus próprios negócios”.
Contudo, A NAÇÃO ficou a saber junto de alguns moradores que a todo o terreno de Boa Entrada pertence a privado, inclusive a sito onde fica o Pé de Poilão. Por isso, acreditam que a obra ainda não arrancou porque a autarquia está a negociar como o proprietário do terreno. Sobre este e outros assuntos, esta reportagem tentou ouvir a Câmara Municipal, mas foi-nos informado que o edil Beto Alves encontra-se no exterior.
SM
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 620, de 18 de Julho de 2019)