Ao todo foram 50 os karatecas que se deslocaram ao Liceu do Coculi, na passada segunda-feira (22), para um estágio orientado por Jordan Neves, jovem luxemburguês, descendente de cabo-verdianos. Durante um dia inteiro os karatecas de várias faixas etárias estiveram envolvidos em treinos intensivos, tentando reproduzir cenários reais de competições da modalidade a nível internacional.
Ninguém quis arredar o pé, nem mesmo os professores de cada uma das escolas de karaté da ilha. E marcaram presença no estágio, karatecas e professores das Escola de Karaté de Ponta de Sol, Academia Lucas, Academia de Karaté da Câmara Municipal do Porto Novo, Escola de Karaté de Sinagoga, além da Academia Shotogyma Karaté Club.
Esta última é propriedade do Sensei Nelson Lima, um dos promotores desta iniciativa, a par de Nelson Neves (enquanto representante do KC Differdange) e a Associação de Karaté de Santo Antão.
“A iniciativa surgiu das várias conversas que eu e Nelson Neves fomos tendo ao longo dos anos, desde que nos conhecemos na redes sociais. Temos uma paixão comum, o karaté. Depois fiquei a saber que era ele o pai de Jordan Neves, atleta cujo trabalho, há já algum tempo que temos seguido”, diz o Sensei Nelson Lima.
Segundo este entrevistado, no principio a ideia era promover um troca de experiências entre Jordan Neves e a Academia Shotogyma Karaté Club (Porto Novo). Com o andar da carruagem a iniciativa foi alargada as escolas de outros municípios para dar uma dimensão maior.
Jordan com as cores nacionais
Jordan Neves, 21 anos, tornou-se conhecido em Cabo Verde através dos feitos que protagonizou com a selecção do Luxemburgo na modalidade, mas também do Karaté Club de Differdange naquele país. O facto de ser descendente de mãe santiaguense e pai santantonense fez aguçar mais o interesse dos cabo-verdianos nesse prodígio da modalidade.
“Ter o Jordan cá connosco, a partilhar a sua experiência é um grande orgulho e privilégio e os karatecas de cá têm noção disso. Fala-se na possibilidade de ele vir representar Cabo Verde futuramente nos Jogos Olímpicos e para nós isso seria uma grande satisfação. Ele tem um potencial enorme”, acrescenta.
Da parte da Federação Cabo-verdiana de Karaté há essa vontade nesse sentido, Há já alguns meses que este organismo tem trabalhado o dossier de Jordan Neves.
“Orgulho enorme”
Do lado de Jordan Neves o sentimento de gratidão, orgulho e satisfação é recíproco. Não é a primeira vez que está em Cabo Verde de férias, mas é a primeira vez que tem a oportunidade de ministra um estágio na terra dos seus pais.
“Foi uma experiência muito boa e positiva. Em Cabo Verde já tinha treinado algumas vezes mas é a primeira vez que venho especificamente para um estágio com cabo-verdianos. É um orgulho enorme para mim treinar com eles, porque é onde estão as minhas raízes”, diz Jordan Neves.
Segundo relata, durante o estágio partilhou umas ideias globais da modalidade. Durante esta partilha de experiência, simulou cenários que já vivenciou nas várias competições internacionais em que já esteve. Para tal contou com a parceria do Sensei Nelson Lima num treino conjunto.
Jordan Neves, que actualmente frequenta o curso de Gestão Desportiva no Luxemburgo, está aberto para iniciativas desta natureza no futuro. Na próxima semana vai marcar presença n Cabo Verde Hall of Fame, evento que acontece no Sal. A próxima competição oficial do jovem é o Campeonato Europeu de Universidades, já no dia 1 de Agosto, na Croácia. Jordan Neves diz estar bem fisicamente apesar de tecnicamente ainda não estar no nível pretendido.
Associação de karaté de Santo Antão faz balanço positivo do primeiro ano de mandato
Quem também esteve presente no estágio de karaté, ministrado por Jordan Neves, foi a presidente da Associação de Karaté de Santo Antão, Alcinda Lima. Abordada pelo A NAÇÃO, regozijou-se pela presença de Neves em Santo Antão e avaliou positivamente o primeiro ano do seu mandato á frente da referida associação.
“Ter o Jordan Neves aqui connosco é motivador para os atletas e para atrair mais praticantes. Com esta iniciativa o karaté da ilha ganha mais visibilidade e por ele ser internacional, mostra que somos locais, mas estamos a pensar globalmente”, diz Alcinda Lima.
Em Março último a nossa entrevistada completou um ano à frente da associação da modalidade na ilha. E, como diz, o balanço não poderia ser mais positivo, mesmo que as suas acções sejam condicionadas por alguns constrangimentos.
“Há apoios deficientes, a adesão de atletas tem sido um pouco fraca, porque a ilha é pouco dispersa. Temos escolas em Porto Novo, Ribeira das Patas, Ponta de Sol e tínhamos uma a funcionar no Coculi. Mas neste momento não está a funcionar”, argumenta.
Este ano a Associação de Karaté de Santo Antão já realizou o Campeonato Regional de sub-14, mas não pôde realizar o campeonato sénior devido a falta de atletas. Por agora o grupo vai aguardando pelo Campeonato Nacional, que em princípio deverá se realizar em Setembro próximo.
JF
