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Política

Mobilização de recursos pela via de endividamento público pode trazer consequências “muito nefastas” – José Maria Neves

O ex-primeiro-ministro José Maria Neves disse hoje que a mobilização de “avultados recursos” internos, pela via de endividamento público pode trazer consequências “muito nefastas” para a economia e as finanças públicas do país, a prazo.
Numa publicação efectuada na sua página no Facebook, José Maria Neves escreveu que “o caminho que se está a seguir, de mobilização de avultados recursos internos pela via de endividamento público para dar garantias a grandes empréstimos privados é sedutor a curto prazo, mas pode trazer consequências muito nefastas para a economia e as finanças públicas do país, a prazo”.
O ex-primeiro-ministro disse ainda que desde há muitos anos tem havido dinheiro suficiente para financiamento de empresas em Cabo Verde. Nisto citou um conjunto de instituições financeiras nacionais e internacionais que “sempre disponibilizaram milhões de contos para financiar projectos públicos e privados”.
O grande constrangimento, afirmou, refere-se à dimensão do mercado e ao ambiente de negócios. José Maria Neves falou ainda em “excesso de burocracia, custos elevados e ineficiências dos transportes, da água e da electricidade, escassez de recursos humanos qualificados em áreas sensíveis para os negócios, taxas de juro incomportáveis”.
“Diga-se em abono da verdade que estes são constrangimentos comuns aos pequenos estados insulares em desenvolvimento”, prosseguiu o ex-governante, acrescentando que “todos estão confrontados com reduzida capacidade de autofinanciamento e de endividamento, elevadas taxas de juro e dívida e deficits também elevados”.
José Maria Neves escreveu ainda que em pequenos estados os projectos de investimentos privados dificilmente são bancáveis, não por incapacidade dos empresários ou gestores, mas por razões que decorrem das inerentes insuficiências, ineficiências, baixa produtividade e competitividade dos pequenos mercados.
“Cabo Verde precisa, para este tempo, mais do que nunca, de radicais e profundas reformas estruturais nos domínios do estado e da administração pública, da educação, ensino superior e formação profissional, dos transportes e infra-estruturas e de financiamento das micro, pequenas e médias empresas”, afirmou José Maria Neves, defendendo que “uma dinâmica transformadora dessa envergadura demanda acima de tudo visão partilhada de longo prazo, liderança inspiradora e consensos alargados”.
Outrossim, apontou o antigo chefe do governo que a fragilização da regulação de sectores estratégicos como as telecomunicações e os transportes aéreos e marítimos, a nacionalização e a re-estatização da gestão de importantes empresas anteriormente privatizadas como a Caixa Económica e a CV Telecom, a intransparência na gestão de alguns negócios públicos como a privatização do sector dos transportes aéreos e marítimos são motivos de “mais preocupações” quanto ao futuro das ilhas.
Inforpress

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