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Ambiente

Manifestação SOKOLS: Laginha corre risco de perder enseada de corais

Um grupo de pessoas, entre eles biólogos marinhos, se juntaram, na sexta-feira (5), a manifestação do SOKOLS para exigir medidas de proteção para a enseada de coral da Laginha, em São Vicente. Há cerca de um ano que o grupo, encabeçado pelo engenheiro Guilherme Mascarenhas, vem tentando dialogar com as entidades competentes sobre os danos do desvio de águas pluviais para aquele espaço.
Antes mesmo de começarem as obras, três biólogos da Universidade de Cabo Verde chamaram a atenção da ENAPOR e da Câmara Municipal para a necessidade de um estudo de impacto ambiental, mas foram “ignorados”, segundo explica Guilherme Mascarenhas.  Depois das chuvas de setembro do ano passado, grande parte dos corais da região iniciaram um processo de morte lenta e degradação. No momento, ao aproximar a época das chuvas, estão prestes a receber mais uma descarga de lama sobre eles.
 “Tudo indica que não vai ser tomada nenhuma medida. É um projecto feito de forma ilegal, sem nenhum estudo de impacto ambiental, num espaço que serve de habitat para mais de 400 espécies marinhas.”
De acordo com o biólogo Evandro Lopes, se o fenómeno se reptir por, pelo menos, mais quatro anos, pode levar a perda total daquela importante reserva natural. “Existe ali uma representatividade incrivel da biodiversidade de Cabo Verde”, considera Guilherme Mascarenhas, que confessa nem sequer entender o porquê de tantas espécies  naquela área.
“É um lugar que deve ser preservado pela sua importância económica, turística, para as universidades e até mesmo para os banhistas que gostam da água transparente.”
Dado que o diálogo com as instituiçoes não tem surtido efeito, o grupo resolveu dar iíicio a um protesto maior nas ruas e já pensa na planificação de uma próxima manifestação.
Os corais são invertebrados que vivem na profundidade e que retem tudo o que seja matéria orgânica na água, funcionando como um filtro que limpa a água e cria uma ambiente propício a vida de outras espécies. “Serve também de local de reprodução para várias espécies de peixes e, inclusive, em Cabo Verde temos uma quantidade enorme de peixes que reproduzem somentes nestes lugares”, explica Evandro Lopes. Ou seja, a degradação dos corais põe em causa a própria biodiversidade e quantidade de peixes na costa.
Por outro lado afeta a pesca artesanal, praticada por cerca de 70% da populaçao em Cabo Verde, e feita maioritariamente nas comunidades coralinas, que são o habitat dos peixes. Situação agravada pela dificuldade de recuperação de corais, que pode ser um processo centenário.
O grupo de juntou a multidão de pessoas que saíram as ruas na manhã de sexta-feira  para exigir autonomia para as ilhas do norte. As palavras de ordem são descentralização, autonomia e um novo rumo para São Vicente e restantes ilhas “sufocadas” pelo poder central.
 

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