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Política

PR pede mais ambição para enfrentar os desafios que se impõem ao país

O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, que defendeu hoje que os cabo-verdianos estão cada vez mais “conscientes” da conquista que foi a independência nacional, solicitou mais ambição para enfrentar os desafios que se impõem ao país.
Jorge Carlos Fonseca, que discursava na sessão solene da Assembleia Nacional alusiva ao XLIV aniversário da Independência Nacional, disse que grandes vitórias foram alcançadas, mas sustentou por outro lado, que não se chegou lá, pois, “há muitos caminhos para construir e percorrer”.
“Os caminhos têm de ser construídos na base do debate livre de ideias, do confronto de posições, sem esquecer os meios que temos disponíveis ou ao nosso alcance. Outras vezes, somos levados a deixar os nossos legítimos desejos, tomar o lugar da definição realista das prioridades”, realçou.
Para o Presidente da República, é preciso “uma ambição imensa” para querer um país desenvolvido, que assegure o melhor possível para os seus filhos e que não dependa tanto da aleatoriedade das chuvas e, quem sabe, fazer de nós os afortunados do vento leste”.
Conforme o Chefe do Estado cabo-verdiano, a construção dessa utopia, deve ser medida passo a passo, ser calculada, com cuidado, a altura de cada salto, e ajuizada com precisão a amplitude da braçada e definir com clareza o ritmo da corrida.
Os objectivos, afirmou, devem ser conseguidos por meio de uma ambição constante, a ousadia um modo de ser, a predisposição para enfrentar desafios, o combustível que impulsiona, permanentemente toda a acção.
“Esses elementos têm de se sintonizar com os contornos das realidades interna e externa. Têm de ser balizados pelo conhecimento tão objectivo quanto possível dessas duas vertentes, para que os inevitáveis riscos, apanágios da ousadia, sejam os mínimos possíveis”, destacou.
Os objectivos, as metas, os prazos, sublinhou, têm de ter por base as realidades e suas tendências e não apenas os desejos, para que o país não fique acantonado a uma “vistosa eloquência”.
No seu discurso alusivo à data, o PR focou a sua afirmação nos homens e mulheres, nas conquistas e vantagens que o país conseguiu, elevando o orgulho do cabo-verdiano no caminho com progressivas conquistas de bem-estar económico, social e cultural.
Lembrou, contudo, que apesar do desenvolvimento, as vozes dos cidadãos não podem ser ignoradas ou desvalorizadas, nem sequer tidas como expressão da filosofia pré-moderna («que cada um diga o que lhe parece ser a verdade, e que a autêntica verdade seja recomendada a Deus»).
“O combate inteligente aos adversários da democracia – instrumento essencial ao serviço da Liberdade – é feito de determinação, lucidez, convicção e perseverança. Só assim prosseguiremos a caminhada ascendente de edificação de uma democracia avançada, de um estado de direito moderno e de um país competitivo, no quadro mais amplo de um estado constitucional sólido”, referiu.
Nesta ocasião, realçou, não poderíamos deixar de dizer que, não sendo muitas vezes sentido no dia-a-dia, nem de fácil «medição», é inquestionável o verdadeiro salto de qualidade que o país e os cabo-verdianos deram em sede de cultura da constituição.
Neste âmbito, devemos trabalhar com a ambição máxima, a de sermos os melhores dos melhores e não apenas a de nos vermos situados entre os melhores vinte ou vinte cinco, disse.
No processo do país, sublinhou, é preciso que o objectivo da política económica vá para além do crescimento do produto e que os decisores tenham a consciência do papel do Estado no combate às assimetrias regionais e as desigualdades sociais pouco razoáveis.
A par isso, teceu algumas palavras sobre a regionalização que não vingou por ora na Assembleia Nacional, e sublinhou que em democracia, situações como esta podem acontecer, e continuarão a acontecer.
Com tudo isso, afirmou, não se pode baixar os braços, mas sim continuar a debater as soluções possíveis e encontrar pontos de convergência que possibilitem alcançar um consenso sobre que tipo de regionalização é o melhor para o país.
Perante isso, defendeu que a solução tem de ser encontrada “rapidamente” para evitar que se aprofundem as desigualdades, visto que existem ilhas a ficarem cada vez com menos capital humano, porque faltam empregos e serviços públicos básicos.
“É preciso construir uma política de justa repartição da riqueza, devidamente aliada a uma estratégia social, educativa e cultural nacional, que vise o desenvolvimento humano integrado de todos os concelhos do país”, sustentou.
Num país com recursos naturais parcos, Jorge Carlos Fonseca, admite que é preciso dar importância muito grande à capacitação dos seus recursos humanos, pois, caso contrário, em vez de serem um elemento chave no processo de desenvolvimento do país, transformam-se num sorvedouro de recursos que não podem ser repostos na mesma proporção.
Sublinhou ainda, que o desafio da formação e do emprego dos jovens é o maior de todos no futuro do país, e pediu maior aposta no mercado interno, mas também nas instituições especializadas do mundo inteiro, uma base de quadros altamente qualificados nas áreas da economia, de gestão, das novas tecnologias, engenharias, medicina, biologia e ambiente, sem se esquecer as chamadas humanidades.
Lembrou ainda, que não obstante os reconhecidos avanços, é fundamental o aceleramento nas reformas do Estado e do sector da Justiça, e afirmou que a máquina estatal ainda continua pesada, com reflexos directos na qualidade de vida das pessoas e no ritmo das actividades
laborais e empresariais.
“É importante aprimorar o funcionamento da administração da justiça. Não vou, nesta ocasião, repetir o que eu e outros têm dito sobre este sector, mormente sobre a massacrada questão dita da morosidade da justiça, fenómeno para o qual concorrem factores já sobejamente recortados”, frisou.
No seu discurso, em que destacou a parceria com a CPLP, CEDEAO, disse ainda estar atento à situação da juventude quanto ao desemprego, à problemática da regionalização, assim como o desenvolvimento de actividades laborais e empresariais.
“Neste dia, marcante para todos os cabo-verdianos, dirijo uma palavra muito especial aos que vivem e labutam no exterior, que, com o seu trabalho e a sua estreita relação afectiva e cultural com o país, engrandecem-no e contribuem para a nossa afirmação nos quatro cantos do mundo”, ajuntou.
A sua última palavra foi ainda dirigida para os cabo-verdianos que, no desporto, nas artes plásticas, na literatura, na música e noutras áreas da cultura têm contribuído para levantar bem alto o nome de Cabo Verde.
Para Jorge Carlos Fonseca, o 5 de Julho deve ser uma festa dos cidadãos, razão porque apelou para que, no próximo ano – 45 anos de independência – se faça um 5 de Julho mais perto das pessoas.
“Temos o Cabo Verde de que nos orgulhamos de ser rosto, carne e veias. Porque somos, afinal, no mapa que sobrevoa o mundo, os ventos e os sonhos, «divino cabo». Terra de música excelente, boa literatura e poesia, ímpares paisagens, gente brava, audaz e criativa, bonita e capaz”, concluiu.
Inforpress

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