Um alto diplomata russo disse que as sanções dos Estados Unidos da América (EUA) impeliram o Irão a ultrapassar o limite imposto às suas reservas de urânio enriquecido pelo Acordo de 2015, mas apelou a não “dramatizar” a situação.
O Irão reconheceu, segunda-feira, 1, ter excedido o limite de reservas de 300 quilos de urânio enriquecido previsto no “Joint Comprehensive Plan of Action” (Plano de Acção Conjunto Global, JCPOA na sigla em inglês), assinado em Julho de 2015, com as principais potências mundiais, no seu primeiro grande desafio ao Acordo e um ano após a retirada unilateral dos EUA deste Plano de Acção.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Ribakov, assinalou que o Irão avisou, antecipadamente, sobre esta intenção. Em simultâneo, exortou todas as partes a “evitarem uma escalada”, ao considerar que a decisão de Teerão “de ser lamentada, mas não deve ser dramatizada”.
Rybakov disse que este desenvolvimento é o “resultado natural” da campanha de máxima pressão desencadeada pelos Estado Unidos contra o Irão.
Acrescentou ainda que o Irão enfrenta sanções norte-americanas “impensáveis e sem precedentes”, incluindo o embargo ao comércio do petróleo e que são uma tentativa para “estrangular” o País.
O responsável russo apelou aos europeus para “não envenenarem a situação”, e a Teerão para demonstrar uma atitude “responsável” e permanecer no Acordo concluído em Julho de 2015, em Viena (na Áustria).
O Irão aceitou neste texto prescindir da posse da bomba atómica e reduzir drasticamente o seu Programa Nuclear, em troca do levantamento das sanções internacionais que asfixiavam a sua Economia.
O regresso das sanções norte-americanas após a retirada unilateral do JCPOA, decidida por Donald Trump, em Maio de 2018, implicou um quase total isolamento do Irão do sistema financeiro internacional, para além de perder a quase totalidade dos países que adquiriam o seu petróleo.
Desde então que o Irão vem ameaçando retomar a suas actividades de enriquecimento de urânio a um nível superior ao limite máximo fixado pelo Acordo e relançar o seu Projecto de Construção de um Reactor de Água Pesada, em Arak (Centro), caso os outros Estados que ainda integram o Acordo (Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia) não ajudem Teerão a contornar as sanções dos EUA.