Esta terceiro romance de Manuel Veiga, publicado pela Acácia Editora, faz parte de uma trilogia que figuram o “Odju d’Agu”, escrito em crioulo com 50 capítulos; o “Diário das Ilhas”, em português, que termina no 50º dia; e agora, “Profecias do Ali-Ben- Ténpu”, uma narrativa romanesca com 50 estações. Cinquenta, pelos vistos, é um número mágico de Manuel Veiga.
“Profecias do Ali-Ben-Ténpu” está escrito em português e crioulo, de forma alternada, em capítulos diferentes, em quase 300 páginas. O livro fala de alguns acontecimentos de um passado remoto e de vários aspectos de um passado recente, bem como o futuro de Cabo Verde e do mundo, em matéria de humanismo, de princípios, de valores e de interpretação da Transcendência, baseada em personagens lendárias.
“Não sendo poeta para escrever uma epopeia, é a forma que encontrei para prestar a minha melhor homenagem ao povo que me legou três coisas muito importantes: uma história sofrida; uma língua de coração, de morabéza e de razão; uma cultura resiliente e dialogante”, explica Manuel Veiga, a propósito da obra capaz de provocar no leitor “alguma empatia”, mas também “alguma estupefação diante do arrojado prognóstico do “profeta”.
“A presente saga, em parte verídica, em parte ficcionada, é o relato de uma parte importante da história e dos sonhos do povo caboverdiano, feito pelo lendário Nhu Naxu, uma recriação a partir da tradição, pelo autor desta obra”, diz também Manuel Veiga na introdução ou apresentação de “Profecias do Ali-Ben-Ténpu”.
A apresentação do livro estará a cargo de Manuel Varela Neves e Maria Augusta Teixeira (Mana Guta), na Biblioteca Nacional, na Cidade da Praia, às 18 horas.
Além de linguista, investigador, professor universitário e escritor, Manuel Veiga é um dos mais destacados estudiosos e defensor da valorização da Língua Cabo-verdiana. De entre suas obras, como linguista, destaca-se a “Introdução à gramática do Crioulo de Cabo Verde” em 1996, “A construção do Bilinguismo” em 2004 e “Dicionário Cabo-verdiano-Português” em 2011. Como ficcionista, a sua estreia aconteceu em 1987 com o romance “Odju d’Água” e “Diário das Ilhas” em 1995.
Membro da Academia Cabo-verdiana de Letras e de várias cátedras (Amílcar Cabral e Baltasar Lopes), entre outras funções e cargos públicos, Manuel Veiga foi ministro da Cultura de 2004 a 2010.