Moçambique enfrenta a pior insegurança alimentar desde 2016 e há um atípico e elevado número de famílias numa situação de carência alimentar, refere a Organização Norte-Americana Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (FEWS).
Numa análise intitulada “Perspectiva Sobre Segurança Alimentar”, a FEWS (sigla em inglês), entidade da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), diz que a emergência humanitária que se vive em muitos distritos de Moçambique é provocada pela passagem dos ciclones “Desmond”, “Idai” e “Kenneth”, chuvas torrenciais e inundações, no Centro e Norte, e pela seca, no Sul.
O estudo refere que 67 mil e 500 crianças com idades entre seis e 59 meses sofrem de mal-nutrição aguda nos distritos analisados.
Desse número, seis mil e 500 crianças sofrem de mal-nutrição severa aguda.
Entre Maio e Junho, a assistência humanitária dirigida a populações com fome atingiu 1,6 milhões de pessoas nos distritos afectados, por ciclones no Centro e Norte daquele País Lusófono da África Oriental.
“Há, contudo, muitos agregados que ainda não recebem nenhum tipo de assistência alimentar”, lê-se no texto.
A FEWS indica que mais de um milhão de toneladas de culturas, incluindo milho, arroz, amendoim, feijão e vegetais, foram destruídas nas três regiões do país, devido aos ciclones e à seca.
A devastação matou 120 cabeças de gado bovino, mil e 220 caprinos e 22 mil frangos.
Os ciclones tropicais destruíram barcos e equipamentos de pesca, uma atividade importante para a sobrevivência de milhares de famílias das zonas costeiras.
“A produção agrícola da época 2018/2019 estará significativamente abaixo da produção da época 2017/2018 e abaixo da média dos últimos cinco anos”, considera a FEWS.
O estudo refere que as famílias que ainda têm alguns alimentos nos seus celeiros poderão ficar sem nada até Setembro próximo, devido a uma colheita significativamente baixa.
“As famílias pobres e as muito pobres continuarão a enfrentar uma situação de crise”, diz o estudo.
Devido à insegurança alimentar, as famílias estão a vender os seus animais, carvão vegetal, madeira, mas a competição e o fraco poder de compra das comunidades limita a quantidade dos rendimentos.