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Sociedade

Buco-Dentario Clinic: “Somos altamente especializados e utilizamos tecnologia de ponta”

Qual tem sido o contributo da sua empresa ao longo dos últimos 22 anos para a saúde buco-dentária em Cabo Verde?

Acreditamos que o nosso contributo tem sido valioso para a saúde buco-dentária nacional. Isso por vários motivos. Nós somos muito procurados pelos colegas da área, inclusive, diz-se por aí que “dentista que consegue trabalhar na Buco-Dentario Clinic será bem-sucedido profissionalmente”.

Assim, acreditamos que o contributo que temos dado à capacitação dos nossos colegas é muito relevante. Para nós, o conhecimento deve ser replicado, multiplicado, como forma de perpetuá-lo. Pensamos que cada um de nós tem o dever de contribuir para a melhor prática possível da medicina dentária em Cabo Verde. Por outro lado, defendemos a educação para a saúde como uma área muito importante, dado que em Cabo Verde ainda existe um desconhecimento muito grande do sector. Tendo consciência desse défice, dedicamos sempre um tempo importante aos nossos pacientes passando informações relativas à importância de uma boa higiene bucal, explicando como deve ser feita a prevenção e preservação da saúde buco-dentária. Mas também temos participado em palestras nas escolas, feiras de saúde e inclusive muitas vezes distribuímos dentífricos e escovas de dentes.

Como é desenvolver uma empresa neste ramo no país em termos de desafios e constrangimentos?

Os desafios são vários, os constrangimentos também. Achamos que se for para abrir uma empresa nesta área para ser mais uma no mercado, talvez não seja tão complicado. No nosso caso, em que queremos fazer um trabalho diferenciado, especializado e sério, temos a consciência dos desafios e barreiras que temos que ultrapassar, mas só nos motiva ainda mais.

Por sermos uma clínica especializada, um dos constrangimentos tem sido a falta de profissionais especializados (dentistas especializados) em Cabo Verde para formar uma boa equipa de trabalho só com especialistas em áreas diferentes dentro da medicina dentária. Isso se deve ao custo de uma formação especializada, especialmente para quem vive em Cabo Verde.

Outro constrangimento é que temos aqui muitos profissionais estrangeiros que exercem ilegalmente nas clínicas privadas em Cabo Verde, fazendo um trabalho de qualidade muitas vezes duvidosa, deixando as complicações para nós resolvermos. Se eles vêm e voltam com tanta frequência é porque talvez não há controlo. Esses trabalhos sem qualidade prejudicam o mercado fazendo com que as pessoas percam confiança em certos procedimentos odontológicos, incluindo em clínicas que tem todas as condições para os fazer, como é o nosso caso.

Evolução

Como tem visto o desenvolvimento do mercado da Saúde Buco-Dentária no arquipélago?

Pensamos que o mercado da saúde buco-dentária é um dos sectores que mais evoluiu em Cabo Verde nos últimos anos. A vinda de colegas e a abertura de clínicas têm contribuído bastante para isso. Por exemplo, quando cheguei em 1995, era muito comum aparecerem emergência devido a extrações dentárias que se faziam em todas as “ribeiras” e que por vezes cortavam vasos sanguíneos e, consequentemente hemorragias. Já tivemos aqui casos muito complicados. No entanto, estas situações diminuíram e quase que desapareceram.

Isto mostra um melhoramento significativo, sobretudo no sector privado já que na administração pública as coisas não melhoraram tanto assim. Embora tendo mais colegas trabalhando nos Centros de Saúde, em termos de procedimentos, ainda fazem os mesmos que eu fazia (extração dentária) quando cá cheguei e trabalhava no sector público, em 1995.

O acesso à saúde Buco-Dentária ainda não é uma realidade acessível a todos os cabo-verdianos. O que acha que deveria ser feito para se reverter este cenário?

Para mim, o Estado precisa investir mais nesta área, contratando mais profissionais, uma vez que, neste momento, temos muitos colegas bem formados e com desejo de trabalhar, disponíveis para contribuir para o desenvolvimento deste país.

Por outro lado, o tratamento deveria ser gratuito sobretudo para as crianças, idosos e grávidas carenciadas e, dessa forma, deixar o privado para quem realmente pode pagar.

O investimento do Estado que atrás referi, deve abranger a educação para a saúde, a promoção da saúde buco-dentária, o tratamento e o acompanhamento. Essa é a única forma que vemos para evitar extrações dentárias que, na nossa modesta opinião, são crimes, consideramos isso uma mutilação oral.

É um mercado que tem crescido nos últimos anos. O que vos distingue da concorrência?

Somos uma clínica altamente especializada no que fazemos. Essa é a nossa mais-valia. Fazemos uma aposta muito forte na formação contínua, nas atualizações permanentes em termos de técnicas de trabalho bem como das tecnologias que utilizamos. Nós concorremos com as melhores clínicas do mundo nas áreas onde atuamos, sem sombra de dúvidas. Por exemplo, fora do quadro dos cursos de especialização, nesses últimos 20 anos, eu já participei em mais de 40 congressos e cursos de curta duração, em todo mundo. O que será uma boa referência para aqueles que procuram a nossa clínica.

Clínica do Povo

Que ações desenvolvem em prol da vossa responsabilidade social?

Nós damos uma importância muito grande à área social. Sempre atendemos pessoas carenciadas aqui na clínica. Já patrocinámos crianças de Santa Catarina que vêm à cidade da Praia visitar instituições governamentais, participamos sempre em feiras de saúde, em palestras e já tivemos casos em que atendemos à volta de 30 crianças e adolescentes de uma associação religiosa aqui da Praia, onde fizemos avaliação e tratamento num valor superior a 800 mil escudos, de forma gratuita.

Doámos equipamento dentário (cadeira dental) para o Centro de Saúde de Ponta d´Água, fizemos também um donativo de um aparelho de Raio X panorâmico ao hospital Santa Rita Vieira, em Santa Catarina. Fazemos muito neste sector, mas vimos que nem sempre os donativos são bem cuidados e aproveitados. Quando isso acontece dói e diminui a vontade de querer fazer mais.

A partir daí surgiu a ideia de fazer algo mais bem estruturado e sustentável, criámos uma clínica social denominada Clínica do Povo, que funciona desde 2014, na cidade da Praia-Plateau. A ideia foi fazer um investimento inicial e a clínica funcionar de uma forma autossustentável.

Nessa clínica realizamos os procedimentos com os mesmos materiais, instrumentais e equipamentos que utilizamos nas outras duas clínicas nossas, sendo que os mais complexos realizamos na nossa clínica de Rua Serpa Pinto e Palmarejo-Baixo com um valor que pode chegar até três vezes mais barato, ou seja, pelo mesmo valor que pagariam na Clínica do Povo.

Diariamente, atendemos entre 10 a 15 pacientes nessa nossa Clínica do Povo. O que diferencia as duas clínicas é a forma do funcionamento, sendo que na Clínica do Povo as pessoas são atendidas por ordem de chegada.

Que tipos de produtos e serviços prestam nas vossas instalações?

Os serviços especializados que prestamos são nas áreas de Implante dentário, Ortodontia (colocação de aparelho) e Reabilitação Oral e Estética. Estes serviços são os que nos distinguem dos outros.

Que produtos e serviços vão lançar proximamente?

Estamos renovando-nos permanentemente, sobretudo a nível de equipamentos de ponta e formação contínua. Mas, neste último ano e meio, temos apostado muito em Digital Work Flow, usando muito a “inteligência artificial na medicina dentaria”. Utilizamos um scanner intraoral, com o qual fazemos captura de imagem 3D que nos permite fazer muita coisa, como por exemplo, o famoso APARELHO INVISIVEL. Tratamento com aparelho invisível ou aligner, como é conhecido em inglés, começámos a utilizar desde meados do ano passado, e já temos uma boa percentagem de pacientes que apostaram nele, com uma grande vantagem de o resultado final ser muito previsível e preciso, mas também com uma grande redução do tempo, além de ser muito discreto.

Quais os projectos e metas para o futuro?

Tudo o que podemos dizer é que a aposta na formação contínua estará sempre presente na nossa empresa, assim como nas tecnologias, uma vez que já não sabemos viver sem isso. Assim, daremos sempre o nosso máximo para o desenvolvimento deste país dentro desta área.

 
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 615, de 13 de Junho de 2019)

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