As cervejas com alto teor alcoólico andam a conquistar os jovens, sobretudo os que antes consumiam “garrafinhas” de grogue nas suas paródias e não só. “Pirata”, “Oranjeboom” são, presentemente, as marcas holandesas que estão a fazer as delícias dos jovens nas noitadas e festas, mormente, no interior de Santiago. Entre as preferências também se encontra a cerveja “Ego” do mesmo produtor da Strela Cabo Verde.
É possível que o mesmo fenómeno esteja a acontecer noutros pontos de Cabo Verde, por exemplo, nas ilhas da Boa Vista e do Sal, outrora grandes importadoras das “garrafinhas” produzidas em Santiago.
Em conversa com o A NAÇÃO, alguns jovens explicam que a mudança de consumo deve-se ao aumento do preço do grogue e à retirada das garrafinhas do mercado, por razões higiénicas e não só. Em decorrência da implementação da lei do grogue e fiscalização cerrada da Inspecção Geral das Actividades Económica (IGAE), dizem os jovens, registou-se um aumento acentuado do preço do grogue, nos últimos tempos. As doses de 20, 30 e 50 escudos deixaram praticamente de existir, uma vez que um cálice passou a ser vendido entre 120 e 150 escudos, outrora preço de uma garrafinha.
Diante disso, os jovens recorrem agora às cervejas com alto teor de álcool que custam à volta de 150 escudos. “Kiki” é um desses jovens. Como contou ao A NAÇÃO, “antes podíamos sentir-nos ‘fixe’ com uma garrafinha de grogue que custava 100 escudos; agora, para sentir o mesmo efeito, temos que gastar cerca de 500 escudos para tomar uns cinco grogues. Já com uma caneca 500 ml de Oranjeboom de 12 ou 16%, que custa 150 escudos, consegue-se sentir o efeito desejado rapidamente”.
Grogue para ricos?
Rony é um outro jovem que antes também consumia grogue e que agora, devido ao cerco da IGAE, como diz, a “bebida da terra” ficou só para “quem pode”.
“Grogue agora está no patamar de cervejas e whisky só para gente rica. Nós, que antes tomávamos as nossas garrafinhas para relaxar a cabeça, ficamos com a boca seca. Também foi bom porque há menos consumo. Agora, sempre que saio numa paródia e preciso de ‘compor a cabeça’ bebo uma Oranjeboom em vez de grogue. Até porque, no fundo, custa mais barato e o efeito é imediato”.
Segundo os nossos interlocutores, as bebidas que também estão a ganhar força entre os jovens são “os energéticos”, nomeadamente, Red Bull e Megaforce. As moças, por aquilo que ficamos a saber, são as que mais consomem os energéticos. Os rapazes, alguns, os misturam com whisky ou grogue. “Em pouco tempo estamos a acelerar”, afirma um dos jovens ouvidos por esta reportagem.
Das cervejas holandesas, a mais apreciada é a Oranjeboom, da qual existem diversos tipos e com teor alcoólico diferentes: Extra Strong, 8.5%; Super Strong, 12.0%; Ultra Strong, 14.0% e Mega Strong, 16.0% de teor alcoólico. Pelo volume de álcool dá para ver… o que espera cada consumidor.
SM
*Esta reportagem foi publicada na integra na edição nº613 do Jornal A NAÇÃO