O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou, esta terça-feira (11), a intenção de Portugal apoiar a exposição de arte africana Akuba, patente no Palácio do Povo, no Mindelo, cidade de Cabo Verde que está a visitar no âmbito do Dia de Portugal.
Acompanhado do Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, e dos primeiros-ministros de Portugal e de Cabo Verde, Marcelo Rebelo de Sousa chegou ao Palácio do Povo já depois das 13:00, e com mais de uma hora de atraso em relação ao programa.
À sua espera, alguns populares bateram palmas, que os chefes de Estado retribuíram, antes de se dirigirem para o interior do palácio, onde está patente uma exposição composta de peças de várias zonas do continente africano, reunidas mediante a coordenação de Carlos Morbey Silva e Louise Horais, da Galeria Akuaba.
A mostra apresenta várias expressões culturais africanas, como máscaras e esculturas em madeira, elementos arquitetónicos e decorativos, instrumentos musicais, armas e mobiliário.
Visivelmente impressionados com a riqueza da exposição, os chefes de Estado e do Governo dos dois países pararam na sala dos “jogos de guerra e poder”, onde estão patentes “máscaras de guerra”, para falarem com o proprietário da exposição sobre os seus projetos futuros.
Marcelo Rebelo de Sousa quis saber de Carlos Morbey Silva porque não existia um catálogo da exposição e propôs-lhe que digitalizasse a mostra, para assim poder ser admirada por mais pessoas.
O colecionador disse que todo o dinheiro é investido na aquisição de peças, apesar de atualmente apenas uma parte estar exposta.
Tanto o primeiro-ministro português como o de Cabo Verde revelaram interesse na proposta do Presidente português e, mais tarde, em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que o Governo português poderá apoiar a digitalização da exposição, assim como a elaboração de um catálogo, para regozijo do colecionador.
Durante a visita, tanto os Presidentes da República como os primeiros-ministros admiraram um uril (jogo tradicional e muito popular em Cabo Verde) em madeira e ricamente ornamentado.
A primeira-dama de Cabo Verde, Lígia Fonseca, não resistiu mesmo a pegar na obra para admirar os pormenores e o chefe do Governo cabo-verdiano identificou prontamente a peça como motivo de diversão popular no país.
No terraço do Palácio do Povo, oferecido pelo chefe do Estado cabo-verdiano ao município do Mindelo, para fins culturais, Lígia Fonseca recordou que o último Presidente português, a pernoitar no palácio, foi Mário Soares.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que não se importava de vir a ser o próximo, embora tenha reconhecido que não gostaria de dormir rodeado de uma coleção.
Os visitantes seguiram depois para uma exposição sobre Cesária Évora, com várias peças da rainha da morna, que mereceu a atenção dos Presidentes da República e dos primeiros-ministros de Portugal e de Cabo Verde, bem como dos restantes elementos da comitiva.
No final da visita, Marcelo Rebelo de Sousa classificou a Akuaba como uma “coleção excecional de arte africana, que tem peças com valor histórico de facto incomensurável”.
“Penso que o Governo português – o senhor primeiro-ministro já mostrou essa disponibilidade – poderá ajudar à digitalização e à catalogação, uma vez que foi uma professora portuguesa que ajudou a arrumar as peças, a organizar as peças. Está de parabéns o colecionador, o Presidente da República que cedeu o espaço e o presidente da câmara [de São Vicente] que tem apoiado”.
Sobre a coleção Cesária Évora, sublinhou a sua importância, afirmando: “Cesária Évora faz parte da nossa memória coletiva e tem peças que não imaginaria reunir de toda uma vida e também de toda uma obra espalhada pelo mundo”.
E referindo-se a Cabo Verde, afirmou que as mostras hoje visitadas são “mais um exemplo da riqueza artística, cultural e, na área da música, do que há de melhor no mundo”.
Marcelo Rebelo de Sousa visita hoje o Mindelo, ilha de São Vicente, depois de na segunda-feira ter convivido com a comunidade portuguesa na cidade da Praia, ilha de Santiago, no âmbito das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, que arrancaram no domingo, em Portalegre.
Fonte: Lusa