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Opinião

A África que todos queremos: uma África de oportunidades

Por: Neven Mimica*
Por um instante, damos um salto rápido até 2063: um século após o lançamento da primeira iniciativa continental africana – a Organização da Unidade Africana que comemoramos hoje – África é um continente integrado, que está a colher os benefícios do crescimento inclusivo e do desenvolvimento sustentável. O continente vive em paz e é seguro. O acesso aos serviços sociais básicos é garantido para todos. Os direitos humanos, a boa governação e o Estado de Direito prevalecem. A nível mundial, África é um parceiro forte e influente.
Não se trata de uma fantasia, esta é a visão que foi definida como o vosso objetivo, na Agenda 2063 da União Africana. Esta é a África que vocês estão a construir. Uma África de oportunidades. Uma África que todos queremos.
Conseguimos sentir os ventos da mudança que sopram por todo o continente – dos acordos históricos de paz para a região do Corno de África e o fim pacífico de alguns regimes totalitários, à decisão de criar uma área continental africana de comércio livre. África é um continente em ascensão.
O motor económico do continente está a acelerar. É a segunda região do mundo com maior crescimento económico, repleta de energia e dinamismo. Novas oportunidades comerciais abundam. Os investimentos crescem rapidamente.
Ao longo dos últimos cinco anos, testemunhei esta mudança, enquanto Comissário Europeu responsável pela Cooperação Internacional e o Desenvolvimento. Vi com os meus próprios olhos a forma como África intensificou a sua presença no palco mundial. Cheia de confiança, consciente do seu potencial económico, estratégico, natural e humano.
Tornar realidade a visão para uma África em 2063 será um processo longo e contínuo que exigirá o empenho de todas as partes interessadas, a todos os níveis e além-fronteiras. Poderão surgir e vão surgir contratempos. Com base na minha experiência ao nível das instituições europeias, posso afirmá-lo sem hesitações. Mas haverá alguma outra forma?
Contudo, uma coisa é certa: a Europa é uma parceira de longa data de África e está disposta a continuar a sê-lo. África é o continente gémeo da Europa. Independentemente do que possam dizer, a Europa é o aliado principal e sustentável de África em todas as atividades, o seu maior parceiro comercial e o principal investidor, muito à frente de qualquer outra região do mundo. É nossa convicção que uma África mais forte será benéfica para a Europa. Apenas podemos vencer, fortalecendo os nossos vizinhos.
Isto significa que a caridade não tem lugar na nossa parceria. Esta deve assentar na partilha de riscos e impulsionar o potencial de África para alcançar um desenvolvimento sustentável: o tipo de desenvolvimento que conserva o rumo e proporciona oportunidades de longo prazo para todos. O tipo de desenvolvimento que pode trazer novas oportunidades para as empresas africanas e europeias de ambos os lados do mar Mediterrâneo.
É por isso que a Europa precisa de uma África de oportunidades.
Considero que a relação África-Europa cresceu e amadureceu ao longo dos últimos anos. De uma dependência doador-beneficiário, evoluiu para uma parceria entre iguais e assemelha-se agora cada vez mais a uma «Aliança», conforme afirmou o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em setembro de 2018, quando lançou a nova Aliança África-Europa para Investimentos e Empregos Sustentáveis.
O objetivo final desta Aliança é impulsionar os investimentos e criar empregos, nomeadamente para os jovens africanos. Permitam-me que lhes assegure que não se trata apenas de mais um rótulo aposto a uma iniciativa política. A Aliança irá apresentar resultados concretos no terreno. Os investimentos mobilizados ajudarão a criar 10 milhões de empregos em África, nos próximos cinco anos.
A Aliança significa ainda que a cooperação e a construção conjunta proporcionam mais oportunidades de encontrar a solução necessária para o futuro. O nosso futuro comum. Juntas, África e Europa podem moldar a agenda internacional. Juntas podemos fazer a diferença. Se a Europa não comparecer a este encontro com África, faltará ao seu encontro com a História. E eu atrevo-me a dizer que o inverso também é verdade; que não restem dúvidas: a Europa é a vossa aliada natural.
Até que ponto poderemos transformar a Aliança num sucesso dependerá da forma como traduzirmos estas iniciativas em mudanças reais e duradouras para as pessoas no terreno.
Fazer isso exigirá o compromisso tanto de África como da Europa. Sei que somos todos capazes desse compromisso. Mas não há tempo a perder: 2063 é agora.
 
*Comissário Europeu responsável pela Cooperação Internacional e o Desenvolvimento

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