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Ambiente

Associações cabo-verdianas a postos para nova época de desova das tartarugas após recorde em 2018

As associações de proteção das tartarugas em Cabo Verde já têm tudo preparado para a época de desova, que inicia em 01 de junho, mas após recorde de nidificação em 2018, não arriscam uma previsão para este ano.
Na Boavista, ilha onde cerca de 80% dos ninhos de tartarugas comuns depositam os seus ovos, a associação Cabo Verde Natura 2000 já tem montado os seus acampamentos nas duas praias que vai vigiar: Ervatão e Porto Ferreira.
Em declarações à agência Lusa, a vice-presidente da associação, Maria Medina, indicou que já estão inscritos 48 voluntários, sendo 12 nacionais e 36 estrangeiros, que vão guardar as praias até 30 de novembro, data em que normalmente termina a época de desova.
No ano passado, o país registou 124 mil ninhos de tartaruga, um número recorde e três vezes maior do que o do ano anterior, situação para a qual até agora ninguém encontra uma explicação.
Por isso, a responsável da Cabo Verde Natura 2000 é cautelosa na hora de fazer uma previsão para este ano, esclarecendo que a tartaruga é uma espécie em que não se pode determinar como será a sua época de nidificação.
Para Maria Medina, no período de campanha, o maior constrangimento que as organizações não-governamentais encontram para as suas atividades é o financiamento, bem como mobilizar voluntários para a causa ambiental.
Por outro lado, salientou melhorias no que diz respeito à caça furtiva, graças à nova lei, que entrou em vigor no ano passado, e que criminaliza o abate intencional, aquisição, comercialização, transporte ou desembarque, exportação e consumo de tartarugas marinhas.
Outra associação que já tem a sua tenda montada é a Bios.CV, mas na praia de João da Rosa, dentro da reserva natural da Boavista, numa extensão de cinco quilómetros.
Para vigiar toda a praia, Carolina Oujo, secretária-geral, disse que a Bios.CV, fundada em 2012, perspetiva ter entre 45 a 50 voluntários internacionais e 16 cabo-verdianos.
A responsável desta ONG, uma das três que trabalham na conservação das tartarugas marinhas na ilha da Boavista, adiantou que também não espera os números tão elevados de nidificação registados no ano passado, considerando que esses valores romperam com qualquer tradição científica.
“Estamos a preparar-nos para uma temporada menor que no ano anterior, mas ainda com números consideráveis”, previu, referindo que a tradição é que a seguir a um ano forte é expetável pelo menos dois anos mais fracos.
Outra ilha onde a desova de tartarugas é considerável é São Vicente, onde a Associação Ponta Pon é a única que desde 2007 possui licença para vigiar as praias, numa extensão de cerca de 30 quilómetros.
Em conversa com a Lusa, o presidente, Albertino Gonçalves, recordou que em anos anteriores a associação teve dificuldades em guardar todas as praias, mas este ano espera dar cobertura em todos os pontos de desova com os cerca de 60 voluntários.
Esperando um “aumento significativo” de saída das fêmeas para nidificação, o líder associativo declarou que uma grande aposta este ano será aproveitar o período de desova para promover o ecoturismo e o turismo local.
A ideia é garantir algum rendimento para a associação e também intervir nos aspetos económico, social e ambiental das comunidades próximas das praias, prosseguiu Albertino Gonçalves.
As associações contam com apoio e colaboração de instituições como o Ministério da Agricultura e Ambiente, da Polícia Marítima, das Forças Armadas, Direção-Geral do Ambiente, Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas e câmaras municipais.
Outro ponto de desova de tartarugas é na praia de São Francisco, na Praia, ilha de Santiago, onde a vigilância é feita pela Associação Fauna e Flora de São Francisco que, na última época, registou uma nidificação quatro vezes maior do que o normal.
A presidente da associação, Ilse Drescher, também não consegue explicar o recorde do ano passado, justificando, por isso, que fica ainda mais difícil fazer conjeturas para este ano, não obstante dizer que “possivelmente” poderá ser igual.
Em São Francisco, Ilse Drescher informou à Lusa que as primeiras tartarugas normalmente começam a chegar à praia em finais de junho, pelo que ainda está nos preparativos para a vigilância, que deverá ser feita por alunos/voluntários da Universidade de Cabo Verde.
A população de tartarugas marinhas ‘Caretta caretta’ de Cabo Verde é a terceira maior do mundo, sendo apenas ultrapassada pelas populações na Florida (Estados Unidos) e em Omã (Golfo Pérsico).
LUSA

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