O Comité Olímpico Internacional (COI) vai decidir em Junho se retirará a organização da competição de boxe dos Jogos de Tóquio 2020 à federação internacional de boxe amador (AIBA), sob fortes suspeitas de má gestão.
As finanças, a governança e a integridade de decisões de arbitragem da AIBA foram investigadas durante seis meses por um painel de inquérito de três membros do COI, cujos resultados, publicados na quarta-feira, preocupam o organismo.
O presidente da AIBA, o uzbeque Gafur Rakhimov, integra uma lista de sanções do Departamento do Tesouro dos EUA por suspeita de ligações ao crime organizado e ao tráfico internacional de heroína.
Rakhimov “expõe o COI, as partes interessadas do Movimento Olímpico e os seus parceiros a riscos inaceitáveis de reputação, legais e financeiros”, refere o relatório, que cita problemas para patrocinadores americanos e autoridades desportivas.
Na reunião anual do COI, de 24 a 26 de junho, não está em causa a manutenção do boxe no programa olímpico, no qual atribui 13 medalhas de ouro.
“Faltou um progresso significativo”, queixa-se o COI, apesar das reformas protagonizadas depois de o antigo presidente, CK Wu, que continua membro do COI, ter sido forçado a sair em 2017 da presidência da AIBA.
O oficial de boxe russo Umar Kremlev ofereceu-se publicamente para pagar os cerca de 14,3 milhões de euros de dividas da AIBA, mas no documento do COI questiona-se as motivações e “a origem dos fundos”.
Uma equipa nomeada pelo COI vai agora estudar a forma de organizar as competições de qualificação masculina e feminina, entre janeiro e maio, pouco tempo antes dos Jogos Olímpicos, que vão decorrer de 24 de julho a 09 de agosto.
No Rio2016, onde a arbitragem foi muito contestada, com suspeitas de corrupção, o boxe contou com atletas de 76 seleções em 10 eventos masculinos e três femininos: em Tóquio haverá oito eventos para homens e cinco para mulheres.
A AIBA poderá recorrer de uma decisão desfavorável para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) em Lausana, Suíça.
Fonte: Lusa