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Cultura

KJF: Pracinha da Escola Grande transformada numa grande roda de pagode

A Pracinha da Escola Grande, no Platô, Praia, recebeu de braços abertos Zeca Pagodinho. O sambista brasileiro que abriu ontem a primeira noite de festival pago do Kriol Jazz, dispensava apresentações. O Jazz deu lugar ao samba, ao pagode e a esmagadora maioria do público que lotou, por completo, a “casa” do festival foi lá para o ver.

Mal subiu ao palco, já passavam 20 minutos das 20h, o recinto transformou-se numa grande roda de pagode, com o público a entoar muitas das suas músicas do princípio ao fim. Homem de poucas palavras “não falo muito…” tinha dito em conferência de imprensa, horas antes na Praia.

Mas o carinho do público fez com que fosse interagindo. “Dedico essa música ao povo de Cabo Verde…” disse antes de cantar um dos seus grandes êxitos “Verdade”.

Com 12 excelentes músicos em palco, Zeca foi desfilando alguns dos seus sucessos intercalados com temas do seu último álbum “Ser Humano”, sempre com o samba no pé e muito carismático. No palco três copos: água, vinho e cerveja, que não fizeram só parte do cenário.

É que ao longo do show Zeca foi benzendo o palco, brindando ao “povo de Cabo Verde”, um país do qual ouviu falar muito bem. “Dudu Nobre me falou muito bem de Cabo Verde…mas ainda não sei nada. Vim descobrir!”

E durante pouco mais de uma hora de show o público vibrou, cantou e dançou ao som de temas como “Vai vadiar” ou “Deixa a vida me levar”.

Estava assim aberto, ao som de um bom samba e pagode brasileiro, o KJF, que há muito deixou de ser um festival só de Jazz.

Zeca Pagodinho abriu caminho a Tito Paris. Também muito acarinhado pelo público, entrou em palco ao som de “Morna”. Estava conquistada a atenção do público. Tito Paris veio apresentar temas do seu último álbum “Mim ê bo”, mas brindando os fãs com algusn dos seus maiores sucessos como “Padoce di céu azul”.

Segui-se o projecto D´Alma Lusa. Diferentes músicos e artistas da África Lusófona, e não só, juntaram-se para partilhar as suas culturas, unidos pela música e a língua portuguesa. Anabela Aya (Angola), Karyna Gomes (Guiné Bissau), Roberta Campos (Brasil), Mirri Lobo (Cabo Verde), Otis (Moçambique) e Cuca Roseta (Portugal) são os artistas que integraram este projecto.

Alguns dos momentos emblemáticos da passagem deste projecto experimental foram os duetos de Mirri Lobo e Karina Gomes e Mirri Lobo e Cuca Roseta, que se aventurou em crioulo. Também a angolana Anabela Aya deslumbrou por completo o público com uma voz carregada de Jazz. Já a brasileira Roberta Campos surpreendeu também a plateia ao som de um dos seus sucessos bem conhecidos dos cabo-verdianos. “Felicidade” um tema da telenovela “O Sol Nascente”. O projecto D´Alma Lusa emocionou depois o público ao som do eterno tema “Sodade”.

Já madrugada adentro, perto da 1h, subiram ao palco os cubanos “El Comité” ainda com a pracinha vem composta e muitos resistentes para ouvirem o puro jazz que emanou deste grupo. Muita gente de pé a dançar, a vibrar.

Estava assim competa a primeira noite paga do KJF. Talvez a maior enchente de sempre, pois o recinto estava completamente lotado, a mostrar claramente que o espaço é pequeno demais para tanta gente.

Hoje sobem ao palco Lucky Peterson, Élida Almeida e Tiloun, Stanley Clark e Mayra Andrade.

Texto: Gisela Coelho

Fotos: Silvino Monteiro e Gisela Coelho

 

 

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