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Cultura

Cai o panu sobre o AME: um encontro de culturas e experiências musicais

Chegou ontem ao fim a 7ªEdição do Atlantic music Expo. Durante quatro dias cerca de 230 artistas passaram pelos diferentes palcos do evento, entre artistas e músicos de várias paragens. A estes juntaram jornalistas nacionais e internacionais, produtores, agentes, programadores de festivais, entre outros profissionais da indústria musical da chamada worldmusic.

Cabo Verde esteve assim mais uma vez no centro do cruzamento de culturas e sonoridades entre as américas, Europa e África. A organização, a cargo da Associação Cultural Cabo Verde fala de objectivos cumpridos.

O centro histórico do Platô, na cidade da Praia, esteve assim lotado de gente de várias paragens, com a hotelaria e restauração a conhecer uma grande dinâmica durante estes dias.

Alguns operadores ouvidos pelo A NAÇÃO garantem que o movimento esteve “muito bom”. Também a organização do AME, a cargo da Associação Cultural Cabo Verde, fala em objectivos cumpridos.

“Estamos extremamente satisfeitos com resultado final”, avançou Gugas Veiga, presidente da associação. Um evento, segundo diz, para manter.

“Acho que aquilo que recebemos em troca pelo investimento que é feito, é muito superior. Não só em termos de formação que temos aqui devido aos workshops e conferências, mas também devido à hipótese que temos nos One To One Meetings, de profissionais extremamente importantes, de grandes festivais do mundo, que podem ser mentores também para os nossos artistas locais, mas também devido à oportunidade de termos grandes espectáculos como este ano, que tivemos artistas internacionais a tocar com músicos cabo-verdianos”, explicou.

Esse responsável garante que os artistas nacionais estão a ter oportunidade de divulgar os seus trabalhos e há já artistas contratados. Esta que tem sido uma das críticas de alguns artistas que dizem que só artistas ligados a grandes labels no país, conseguem shows.

“Um dos principais agentes do maior festival de músicas do mundo de França dizer que já contratou três bandas, e que vai contratar mais duas ainda, estamos a ver que realmente estão coisas acontecer. Nós temos é de comunicar melhor e deixar saber mais quem veio e o que é que aconteceu para as pessoas entenderem melhor o que se passa aqui e terem mais vontade de investir”, argumentou.

Oportunidades

Gugas Veiga reforça ainda que o AME é o “único” mercado em que 50% dos artistas que participam são cabo-verdianos residentes ou na diáspora, e que os outros 50% são artistas internacionais. “Por exemplo, eu fui ao Womex nas Canárias e o único artista que actuou nas Canárias foi na abertura”.

Essa fonte reforça ainda que o AME tem dado espaço aos artistas cabo-verdianos, mas que tudo depende de um júri. “Mas temos de ser claros, quando há 85 candidaturas para 14 lugares, depende do que o júri escolhe. A nível internacional quando há 250 candidaturas para 14 lugares, depende do gosto do júri. Nós temos um júri independente internacional, a cada ano, e não controlamos as escolhas, mas acreditamos que temos dado palcos, voz e imprensa aos artistas”

Esta direcção tem mais um ano de mandato e o mesmo garante que em Maio já vão começar a trabalhar na próxima edição, tendo já como prioridade a procura de financiamento externo. “Estamos a preparar-nos para procurar financiamento fora de Cabo Verde e vamos continuar a trabalhar para que o AME aconteça”.

Actualmente o orçamento do evento ronda os 16 mil contos, mas como o A NAÇÃO já tinha avançado, com a redução de patrocínios por parte de algumas empresas urge procurar novas formas de financiamento.

Artistas satisfeitos

A última noite do AME, que marcou o arranque do Kriol Jazz Festival ficou marcada por várias actuações entre a rua Pedonal e a Pracinha da Escola Grande. Beth & Patricía Carvalho, Mariama, Tiloun, Elida Almeida, Miroca Paris e Bongeziwe, Cuca Roseta e Mário Lúcio & Simenteira foram os nomes que desfilaram pelo palco.

Entre os artistas, há a opinião unânime de que o AME, é uma plataforma que pode abrir novas oportunidades, sobretudo para os mais novos na área, que precisam de ser vistos.

“Eu já fiz muitos showcases. O AME é mais um. É especial por estar aqui em Cabo Verde. Mas espero que o AME tenha muito mais impacto nos artistas locais que têm muita pouca possibilidade de mostrar aquilo que sabem e que podem fazer. Nesse sentido estes showcases são muito mais importantes para eles do que para mim, por isso desejo boa sorte a todos”, disse ao A NAÇÃO Miroca Paris, que veio pela primeira vez a Cabo Verde apresentar o seu álbum de estreia a solo, D´Alma.

Quem se mostrou muito feliz por estar pela primeira vez em Cabo Verde foi o sul africano Bongeziwe.“Cabo Verde é muito bonito. Estava muito curioso para ver como era o país. As pessoas são muito simpáticas e acolhedoras e eu adoro isso”.

Bongeziwe é apontado pela crítica como o “futuro” da música da África do Sul. “A minha música é uma fusão de música tradicional da África do Sul, com um toque de música contemporânea como electro e hip-hop. Escrevo muito sobre o ser livre, liberdade, acho que é um tema que se conecta muito com as pessoas hoje em dia em todo o mundo”.

Pela segunda vez no AME, Nancy Vieira espera ter um bom retorno, tal como na primeira vez em que actuou no evento. “Esta feira já fez muito por mim. Já fui a muitos lugares e dei muitos concertos devido ao AME. Uma vez no Japão, no fim de um concerto um produtor veio ter comigo e disse-me que me tinha visto no AME, na Praia”.

Para o ano há mais.

GC

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