O Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamita) do Presidente da República (PR) da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que vai contestar os resultados das Eleições Municipais em Istambul, que lhe são desfavoráveis.
O candidato do AKP, Binali Yildirim, ex-Primeiro-Ministro e próximo de Erdogan, reconheceu que, como anunciou, segunda-feira, 1, a Comissão Eleitoral turca, o seu rival Ekrem Imamoglu, do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), é o vencedor quando estavam contados 99 por cento (%) dos votos.
Mas assinalou que a diferença entre os dois é de cerca de 25 mil votos, enquanto os votos inválidos em Istambul são “mais de dez vezes superiores” a essa distância.
Yildirim indicou que o seu Partido vai contestar o resultado, sugerindo uma recontagem dos votos anulados.
Afirmando ter detectado “irregularidades, o AKP anunciou que vai apresentar recursos para analisar a validade dos boletins considerados inválidos.
Os partidos têm três dias para apresentar objecções e os resultados oficiais são esperados nos próximos dias.
Erdogan terá sofrido um revés sem precedentes em 16 anos de poder.
O Chefe de Estado turco reconheceu que o seu Partido perdeu a Câmara da Capital (Ancara), mas garantiu que, mesmo que o seu candidato seja derrotado em Istambul (município a que Erdogan presidiu entre 1994 e 1998), o AKP ganhou em “numerosos distritos.
Face a uma recessão económica e a uma inflação recorde, o Presidente investiu na campanha para as municipais, vistas como um indicador da sua popularidade.
Embora a Coligação de Erdogan tenha vencido a nível nacional com 51% dos votos, a Oposição conquistou Ancara e possivelmente Istambul (centro económico do País), duas cidades que o AKP controlava há 25 anos.
A Oposição secular também registou ganhos em províncias junto ao Mediterrâneo, tirando a cidade de Adana aos nacionalistas e a turística Antalya ao Partido no poder. Também manteve o controlo sobre Izmir, a terceira maior cidade da Turquia.
Segundo a agência France Presse, os resultados obtidos pela Oposição são ainda mais notáveis, tendo em conta que o AKP beneficiou de uma visibilidade esmagadora nos “media”, muitos dos quais são controlados pelo poder.
Andrew Dawson, que liderou a Missão de Observação do Conselho da Europa às Eleições, disse que os seus observadores “não ficaram totalmente convencidos de que a Turquia tem o livre e justo ambiente eleitoral, que é necessário para Eleições genuinamente democráticas, alinhadas com os valores e princípios europeus”.
Elogiou a alta participação dos eleitores (84%), que considerou um “sinal de saudável interesse democrático” e exortou o Governo turco a aceitar os resultados do escrutínio.