O Presidente-cessante da Nigéria (PR), Muhammadu Buhari, garante aos 84 milhões de eleitores que podem votar, este sábado, 23, com segurança, ainda que a tensão não tenha parado de crescer desde o adiamento do escrutínio há uma semana.
“Não tenham medo dos rumores de violência e de desacatos. As nossas forças de segurança trabalharam para meter de pé as medidas de segurança adequadas”, declarou o Chefe de Estado num discurso à Nação transmitido na Televisão Nacional.
“Irão poder votar numa atmosfera de paz e de transparência, longe de ameaças e de intimidações”, garantiu.
Buhari, com 76 anos, candidato do Partido dos Congressistas (APC) disputa um segundo mandato, num escrutínio com resultados imprevisíveis em que enfrenta o ex-vice-Presidente, Atiku Abubakar, braço-direito do antigo Presidente Olusegun Obasanjo entre os anos 1999 e 2007, e hoje um mega-empresário com interesses na área da distribuição de petróleo, agricultura e educação.
Numa primeira declaração, na passada terça-feira, após o adiamento das Eleições, Buhari levantou uma polémica importante ao apelar ao Exército e à Polícia para tratarem “sem piedade” todos os que tivessem a intenção de defraudar as Eleições.
A Oposição, o Partido Popular Democrático (PDP), reagiu no dia seguinte, acusando Buhari de encorajar a justiça de rua e os crimes extra-judiciais, devolvendo o País ao seu passado de sucessivas ditaduras militares.
“O ‘general’ Buhari não é um democrata. Ele não acredita na Democracia. É uma fachada”, disse, então, Abubakar, numa referência ao passado militar do seu adversário, que, antes de ascender à Presidência nigeriana, nas Eleições de 2015, governou o país durante o período das ditaduras nos anos 80, na sequência de um golpe de Estado.
A Nigéria efectuou a sua transição para a Democracia em 1999, depois de sucessivas ditaduras militares e outros tantos golpes de Estado.
Muhammadu Buhari, então general, tomou as redes do país, pela primeira vez, em 1983, deixando um legado de intransigência e de repressão particularmente duras.
Foram precisamente as promessas de luta contra a corrupção e contra a insurreição do grupo radical islâmico Boko Haram, dois dos maiores flagelos do País, que conquistaram os eleitores e conduziram Buhari à Presidência, em 2015.
Nesse escrutínio, pela primeira vez, um candidato da Oposição venceu umas Eleições na Nigéria, num pleito marcado pela tranquilidade e transparência, aclamado pela generalidade da comunidade internacional.
Até às vésperas da primeira data prevista para as Eleições, no passado dia 16, a Campanha decorreu sem incidentes significativos, do ponto de vista da segurança, mas o adiamento do escrutínio para este sábado, 23, a poucas horas do mesmo há uma semana, com parcas explicações dos responsáveis da Comissão Eleitoral Independente (INEC), mudou claramente o estado das coisas, com ambas as partes a acusarem-se, mutuamente, de tentativas de fraude eleitoral.