O Presidente da Nicarágua diz que pretende retomar o diálogo com a Oposição, numa tentativa de pôr fim à crise sócio-política, que causou, desde Abril passado, centenas de mortos e milhares no exílio.
O Executivo quer dar início às negociações, na próxima quarta-feira, 27 de Fevereiro, com representantes nomeados pela Oposição.
Durante uma cerimónia oficial, Daniel Ortega mostrou vontade de “abrir um novo caminho” em direcção a um acordo, sublinhando que “já não se trata de voltar à situação anterior” às manifestações.
O diálogo entre o Governo Sandinista e a Oposição Aliança Cívica para a Justiça e a Democracia, mediado pela Conferência Episcopal Nicaraguense, arrancou em Maio passado, mas foi abandonado, unilateralmente, por Ortega, em Julho.
Desde 18 de Abril que a Nicarágua é palco de manifestações e confrontos violentos. Os manifestantes acusam Ortega e a mulher e vice-Presidente nicaraguense, Rosario Murillo, de abuso de poder e de corrupção. Ortega está no poder desde 2007, após um primeiro mandato de 1979 a 1990.
De acordo com organizações humanitárias, a crise no País já causou entre 325 e 561 mortos, centenas de desaparecidos, milhares de feridos e obrigou dezenas de milhares ao exílio.
Ortega, há 12 anos no poder, reconheceu 199 mortos, embora o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos e a Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos tenham responsabilizado o Governo por “mais de 300 mortos”, assim como por execuções extra-judiciais, tortura e outros abusos contra os manifestantes e os opositores.