Reagindo à notícia do Governo, que pediu o adiamento da votação da lei sobre a regionalização para trabalhar com os grupos parlamentares e com os deputados da UCID “uma solução boa”, Janira Hopffer Almada considera este adiamento um “recuo”, que aliás, lembrou, o Executivo fez com a isenção de vistos para os cidadãos da União Europeia e do Reino Unido.
A presidente do PAICV, que falava à imprensa no final de uma visita que efectuou hoje ao concelho de São Salvador do Mundo (ilha de Santiago), recordou ainda que este “recuo” também aconteceu com vários outros dossiês.
Janira Hopffer Almada acredita que isso está acontecendo porque este “é um Governo teimoso, que não ouve e que não tem, sobretudo a capacidade para pensar nos interesses do país, em primeiro, antes de pensar nos interesses político-partidários momentâneos da actual maioria”.
Tendo em conta que a proposta do PAICV na altura já se encontrava no Parlamento, a presidente do maior partido da oposição pergunta ao Governo, “o que mudou de lá para cá para haver este súbito e repentino interesse na geração de consensos e posições?”.
Segundo ela, o PAICV continua a defender que é preciso reduzir as despesas deste Estado, que diz estar cada vez “mais gordo” para que possa libertar recursos e que satisfaça as necessidades das populações.
Por isso, tendo em conta que o PAICV a defendeu publicamente, lembrou que estranharam quando o Governo quis fazer o agendamento numa matéria que exigia maioria qualificada sem tentar qualquer aproximação de posição com o PAICV – maior partido da oposição.
“Ainda estamos num país onde a taxa do desemprego ainda é alta, onde as populações têm ainda muitas vulnerabilidades. Nós não podemos estar permanentemente a criar mais cargos políticos, porque isso implica despesas e não podemos ter um país que não podemos pagar”, exteriorizou.
“Acredito que o Governo não está a ser sério na forma como está a tratar esta questão, assim como não foi sério quando fez esta promessa: dizendo que iria implementar a regionalização num prazo de seis meses. Não conseguiu cumprir, tem esta questão para resolver – o compromisso que fez perante a população, principalmente a de São Vicente – e quer ver como é que vai sair desta questão empurrando as culpas para o PAICV”, disse, afirmando que esta foi a estratégia do Governo desde o início.
A proposta de lei que cria as regiões administrativas e regula o seu modo de eleição, as suas atribuições e organização, foi aprovada em Outubro do ano passado, com 41 votos a favor, sendo 37 do Movimento para a Democracia (MpD-poder), dois do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição) e dois da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID-oposição).
Os votos favoráveis do maior partido da oposição surgiram dos deputados Odailson Bandeira e Filomena Vieira, ambos eleitos nas listas do PAICV pelos círculos eleitorais de Santo Antão e São Vicente, respectivamente.
Inforpress