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Opinião

Cabo Verde deve ainda percorrer muitas etapas para atingir o seu desenvolvimento

 

Por: José Valdemiro Lopes

É verdade, que tenho, um amor infinito a meu país e não estou parafraseando o dito de um político, que esteve recentemente, ativo no poder. No meu entender a sua afirmação tinha um sentido cínico, recheado de hipocrisia, porque teve oportunidades e meios financeiros, para fazer transformar este país, mas o resultado é o que o novo regime político encontrou: um país de dificuldades e outros marasmos com os pobres, a maioria dos cidadãos destas ilhas, cada dia mais pobres e um punhado de novos elites ricos, abocanhando, e saboreando, as guloseimas, dos seus privilégios e vantagens socioeconómicos…

Mas, vamos ao tema de análise: O caminho ideal rumo ao sucesso no “Doing Business” para tornar este país verdadeiramente competitivo, tem de passar por políticas, que favorecem os códigos de investimentos estrangeiros. Não se trata apenas e essencialmente de incentivos financeiros, mas, de eficácia das máquinas administrativas, de desburocratização, de capacidade de enquadramento técnico, de disponibilidade em recursos humanos, qualificados, sobre tudo a nível de quadros técnicos profissionais – nosso calcanhar de Aquiles, os estudantes cabo-verdianos estão maioritariamente, orientados para a frequência de cursos superiores -, de referências legislativos precisos e fiáveis, de descentralização administrativa e de liderança coerente, etc…

Cabo Verde tem dado grande importância à macroeconomia, sem cuidar, suficientemente, da economia produtiva (microeconomia) e, sobretudo da articulação entre os parâmetros de uma e de outra. Vou ser mais explícito, não basta, preocupar-se apenas com o IDE (investimento estrangeiro), naturalmente essencial, sem ao mesmo tempo, criar as condições, para formar e apoiar a nossa classe de empresários (autóctones). Isso passa impreterivelmente pela reforma (verdadeira e útil) dos sistemas de crédito interno às nossas, por isso mesmo frágeis, pequenas e médias empresas e por incentivos adequados á constituição de joint-ventures, entre as empresas cabo-verdianas e estrangeiras.

Muita gente é contra a privatização, mas o certo é que a riqueza é criada pelo sector privado e é indispensável proceder-se a esta realidade incontornável de reforma de empresas públicas e prosseguir, serenamente, mas com firmeza, a descentralização administrativa e prosseguir o esforço, ainda nos seus primórdios, por assim dizer, de desintervenção do Estado, em muitos sectores de actividade. Creio que estes procedimentos são necessários, mas Cabo Verde tem de estar atento, porque se a privatização desta pequena economia de subsistência não for acompanhada pelo aparecimento e empoderamento da classe empresarial autóctone, capaz de orientar, com dinamismo e racionalidade, o funcionamento das unidades produtivas, seguramente, que não será o cabo-verdiano que assegurará o controlo da sua própria economia e seus parcos recursos! Deve-se acreditar, que a consolidação do processo de desenvolvimento de Cabo Verde, só será possível, com a existência de um tecido empresarial próprio. Nunca serão os outros, a garantia do nosso próprio desenvolvimento, na justiça de distribuição social, cobrindo todas as ilhas deste arquipélago, nação.

Foi com muito agrado, que se tomou conhecimento, de que os professores do secundário, seguiram, neste ano de 2018, formação na robótica. Estamos na era da nova tecnologia de informação, comunicação e da inteligência artificial e robótica e Cabo Verde, não pode ficar indiferente a esta realidade. O modelo clássico de desenvolvimento industrial, está esgotado e não dispomos de recursos e face, às novas, virtualidades e às novas possibilidades e condições de transferências de tecnologias, sem barreiras de espaço geográfico e tempo, devemos instalar, alternativa adequada, para trazer o progresso a todas as nove ilhas habitadas. O mundo globalizado, interdependente e exigente, baseia-se, neste século, na conjugação de factores, políticos, económicos, sociais, culturais e tecnológicos, que na verdade, exigem novas soluções de muito maior alcance e Cabo Verde, nação jovem, embora sem recursos significativos, tem hoje oportunidade, para criar, melhores perspectivas para a sua juventude e todo o seu povo em todo o território nacional.

Comemoramos, os 43 anos, como nação politicamente independente, mas economicamente, muito dependente e se a ajuda internacional e a remessas dos filhos destas ilhas na diáspora, não trouxeram os objectivos e metas, desejados, o problema foi ou porque a ajuda não foi adequada, ou defrontamo-nos com problemas “sui generis”, para a resolução das quais uma simples transferências de modelos (culturais e tecnológicos) se revela inapropriada, ou ainda por erros cometidos, nas estratégias escolhidas, insuficiente racionalidade económica, ou outros factores, externos e mesmo internos de ordens várias… A reforma deverá ser profunda, mas centralizadas nas pessoas.

miljvdav@gmail.com

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