O artista Dino d´Santiago defendeu hoje que os músicos cabo-verdianos devem ser os primeiros embaixadores da própria cultura, valorizando a sua língua materna ao cantar em crioulo nos palcos internacionais.
Três meses depois de ter lançado nas principais plataformas digitais o seu mais novo trabalho “Mundu Nôbu” (Mundo Novo), o artista encontra-se em Cabo Verde para a promoção deste trabalho e para preparar para uma nova digressão pelo mundo.
Em declarações à Inforpress, Dino d´Santiago, nome artístico de Claudino de Jesus Borges Pereira, disse que “Mundu Nôbu” transmite a sua forma de olhar para Cabo Verde, e ainda transmiti um universo de sons, que o influenciaram no exterior, e o universo da música tradicional cabo-verdiana.
O álbum, 80 por cento (%) cantado em crioulo, para o artista é um tributo a tudo que Cabo Verde representa na sua vida, desde dos ritmos que explorou, o batuque e o funaná, até às histórias das pessoas que vivem no interior, das pessoas que vivem na Praia e a separação entre o mundo moderno e o tradicional.
Dino d´Santiago diz sentir-se orgulhoso quando sobe aos palcos internacionais para cantar e as pessoas pedem que fale e cante na língua crioula, e mesmo sem perceberem, só pelo som do crioulo, sentem-se exclusivo.
“O crioulo tem um som que é único, que só nos temos e se ele desaparece porque nós começamos a cantar em outras línguas para chegarmos a outros mercados, vamos perder o que de mais valioso temos” defendeu.
Conforme disse, há pessoas que vêm de fora beber dessa fonte e depois transformam isso em música e levam para outros sítios, por isso defendeu que os músicos cabo-verdianos têm de ser os “primeiros embaixadores da nossa cultura”.
“O grande mérito” deste álbum, sintetizou, é a forma como “olha para a mulher cabo-verdiana” como “uma mulher guerreira, trabalhadeira, independente”, mulher que “representa uma nação e muitas vezes não é valorizada”.
“Mundu Nôbu” é um álbum que passa por Nova Iorque, Berlim, Londres, Cabo Verde e Portugal e, no final do ano, foi eleito pela Rádio Marginal, em Portugal, como um dos melhores álbuns internacional de 2018.
Para o artista, ver a capa do “Mundu Nôbu” imprimida em Achada Grande Frente (Praia), produzido por Kalaf Epalanga e Seijii, junto com os álbuns dos grandes ícones da música mundial, é um “orgulho tremendo”.
Ainda em Portugal, ajuntou, são várias as críticas de “grandes revistas” que consideram este disco como o melhor do ano.
“Não há nada que me possa deixar mais feliz porque o disco tem três meses na rua, mas foram três anos de processo, só por isso que não sinto que é precoce essa classificação”, sublinhou.
Relativamente a concertos, Dino d´Santiago tem “uma agenda cheia” com espectáculos na Polónia, Portugal, Londres, Brasil, Nova Iorque, Moçambique, Angola e Cabo Verde.
Para este ano, para além de promover este álbum, o artista vai trabalhar num novo Extended Play (EP), com quatro músicas, com o ritmo de funaná, que deverá estar no mercado no Verão.
“Mundu Nôbu”, “Nova Lisboa”, “Raboita Sta. Catarina”, “ Sô Bô”, “Nôs Crença”, “Africa di Nôs”, “Nôs Funaná”, “Como Seria”, “Bô Eh Sabi” e “Fidju Poilon”, são os temas que fazem parte deste álbum.
Filho de pais cabo-verdiano, Dino D`Santiago entrou no mundo da música através do coro da igreja, mas começou a dar nas vistas quando, em Portugal, foi finalista do concurso televisivo de talentos Operação Triunfo.
Em 2016, lançou o seu EP “Unplugged”, depois do seu primeiro álbum “Eva” o ter levado a pisar vários palcos da cena mundial, como o mítico Summer Stage Festival em Nova Iorque, Coreia do Sul, Brasil, Angola, Cabo Verde, Alemanha, Holanda e França.
Com o disco “Eva”, Dino D’Santiago foi vencedor no Cabo Verde Music Awards 2014, com troféus de Melhor Batuku e Melhor Álbum Acústico.
Actualmente, tem recebido vários convites de participação por parte dos artistas Batchart, Rapaz 100 juiz eHélio Batalha, entre outros.
Inforpress