O Banco Mundial vai reforçar o investimento em todos os países africanos membros da CPLP, disse hoje a vice-presidente de Políticas de Operações e Serviços de País daquela instituição, Manuela Ferro.
“Em todos os países [africanos] da CPLP iremos reforçar o financiamento”, afirmou, em entrevista à Lusa, a economista do Banco Mundial, instituição na qual supervisiona as políticas corporativas em matéria de financiamento e serviços analíticos, embora sem especificar o valor.
Segundo a responsável portuguesa, o Banco Mundial tem registado nos últimos tempos “um grande aumento de procura por financiamentos, tanto da parte dos bancos que emprestam a taxas de juro muito baixas nos países mais pobres, como também tem tido muita procura da parte de países que estão, em termos de desenvolvimento, entre os 1.500 dólares per capita até aos 7.000 ou 8.000 dólares per capita”.
“Isto porque há na verdade um aumento de taxas de juro ao nível global e as necessidades são enormes, principalmente em África, e nos países da CPLP também”, disse.
O valor do portfólio de projetos do Banco Mundial nos países africanos da CPLP é “bastante alto, à volta dos 10 mil milhões de dólares [8,79 mil milhões de euros] em implementação”, revelou.
No entanto, acrescentou, se se incluísse o Brasil, este valor duplicaria.
“Em termos de procura, temos programas bastante grandes em Moçambique, programas a crescerem muito em Angola, muito trabalho em Angola, porque estamos a tentar apoiar as reformas que estão a ser feitas (…), que são numa série de áreas importantes”, exemplificou.
No caso de São Tomé e Príncipe, “os volumes não são altos, mas o impacto potencial é muito elevado”.
A responsável acrescentou que o Banco Mundial trabalha nestes países em parceria com o Governo português “em várias atividades, nomeadamente na educação”.
Em termos globais, objetivo é “potenciar o apoio a projetos de água e saneamento, que são importantíssimos para a saúde das crianças e para o desenvolvimento humano em muitos desses países da CPLP”, realçou.
Sobre perspetivas económicas para os Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, onde se registaram recentemente mudanças de lideranças (Angola, Brasil, São Tomé, Timor-Leste e a instabilidade na Guiné- Bissau), Manuela Ferro, considerou que “os fatores económicos resultam de dois vetores: condições globais e condições locais”.
“A mudança de liderança é normal, e isso é uma parte do trabalho com que lidamos no mundo inteiro, incluindo nos países da CPLP”, disse, escusando-se a fazer mais comentários.
Lusa