O Governo do Zimbabué diz não ter fundos para assegurar indemnizações destinadas a antigos agricultores brancos, a quem foram retirados terrenos agrícolas com a última Reforma Agrária, conduzida pelo Executivo do Presidente Emmerson Mnangagwa.
“Enquanto o trabalho no âmbito das obrigações do Governo ainda está para ser concluído, os recursos necessários para compensar e concluir assuntos importantes (como a compensação para agricultores expulsos) estão obviamente para lá da capacidade do Orçamento”, disse o Tesouro zimbabueano, num Relatório lançado este mês, contrariando, assim, a ideia do Presidente Mnangagawa.
A indemnização de antigos agricultores era uma das principais promessas de Mnangagwa, que a vê como uma forma de desbloquear o financiamento para o país e como uma ponte para o restabelecimento de relações com a comunidade internacional.
Na apresentação da primeira proposta de Orçamento do Estado para 2019, o ministro das Finanças do Zimbabué, Mthuli Ncube, afirmou que o Governo estava a trabalhar para determinar quanto deveria pagar aos lesados.
Na óptica do Tesouro, o Zimbabué não tem recursos para pagar estas indemnizações, uma vez que considera prioritários os pagamentos de dívidas em atraso ao Banco Mundial e ao Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
As medidas de Ncube para estimular a economia do Zimbabué – o ministro propõe que bancos e empreiteiros forneçam fundos a agricultores – têm sido contestadas.
Segundo os media locais, o Governo está, agora, a “mobilizar estratégias e a procurar mecanismos de financiamento”.
Apesar da controvérsia levantada pela expropriação de terras no Zimbabué e pelo consequente corte na produção agrícola, o Presidente diz que não vai recuar na medida.