Cientistas do Instituto Investigação e Inovação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto (Portugal), lançaram, na Guiné-Bissau, um projecto para perceber a razão pela qual a bactéria da Tuberculose Africana é “menos severa” e tem “uma progressão mais lenta”.
Em entrevista à Lusa, Margarida Saraiva, líder do projecto “Immune Regulation” do i3S revelou que o principal objectivo dos investigadores é “perceber por que é que a Tuberculose provocada pela micro-bactéria africana é menos severa e tem características diferentes da bactéria da Tuberculose”.
O projecto, denominado “Host pathogen interactions in tuberculosis: lessons from Mycobacterium africanum” e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT & Aga Khan), foi lançado nodia 5, na Guiné-Bissau, País Lusófono da África Ocidental, onde, segundo a investigadora, a “doença é muito prevalente”.
“A doença é muito prevalente na Guiné-Bissau, aliás, o último estudo feito, que comparava a bactéria da Tuberculose (“Mycobacterium tuberculosis”) com a bactéria africana (“Mycobacterium africanum”), indicava que cerca de 50 por cento da doença era provocada pela bactéria africana”, frisa Saraiva.
Segundo Margarida Saraiva, a equipa de investigadores pretende, ainda, compreender por que é que “a progressão da micro-bactéria africana é mais lenta” e qual o motivo que justifique que esta não se tenha alastrado de África aos restantes continentes.
“Queremos entender, por um lado, por que é que a micro-bactéria africana demora mais tempo a surgir, e por que é que da África Ocidental não se dispersou para todo o mundo, como a bactéria da Tuberculose o fez”, revela.
A iniciativa, que conta com a colaboração do Projecto Saúde de Bandim, da Universidade do Sul, da Dinamarca, do Laboratório de Saúde Pública da Guiné-Bissau e do Hospital “Raoul Follereau”, o principal centro de tratamento da Tuberculose do país, visa também capacitar a população bissau-guineense para a doença.
“Para além dos objectivos científicos, o Projecto integra uma vertente relacionada com a capacitação local e a formação dos residentes”, conta a investigadora.
No lançamento do Projecto, do qual fazem também parte investigadores dinamarqueses da “Aarhus University” (Dinamarca), foi realizado um “Workshop” dedicado aos profissionais de Saúde.
Segundo Margarida Saraiva, a equipa do i3S, que desde 2015 tem vindo a desenvolver vários projectos no âmbito da Tuberculose, prevê que, no próximo ano, se realizem “workshops” relacionados com “a parte experimental”.