Janira Hopffer Almada falava, na tarde de ontem na segunda sessão do debate parlamentar desde mês de Novembro, sob o título “Boa governação e transparência”, proposta pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).
Numa interpelação à mesa da Assembleia Nacional, Janira Almada disse ter “algumas dúvidas” sobre que regimento Jorge Santos está a aplicar para a condução dos trabalhos da plenária.
Segundo disse, “há alguns dispositivos” que não estariam a ser utilizados na presente Sessão e “não há nenhum instituído no regimento que tenha sido revogado”, pelo menos que tenha conhecimento.
“O senhor (Jorge Santos) já decidiu de forma unilateral que ninguém se sente ofendido, independentemente da ofensa. O senhor já decidiu que não passa a palavra quando entende. Eu quero saber se agora todas as vezes que o primeiro-ministro comparece na casa parlamentar a interpretação do regimento muda”, disse.
A líder do PAICV afirmou ainda que Jorge Santos “é muito cioso” das suas funções enquanto presidente da Assembleia Nacional para conduzir os trabalhos, mas defendeu que conduzir os trabalhos significa também “exercer pedagogia lá onde seja possível”.
Conforme disse Janira Hopffer Almada, Jorge Santos “não tem nenhum pejo” de interromper deputados do PAICV e de chama-los pelo nome quando estão a falar, enquanto há deputados que utilizam expressões que são “claramente palavras obscenas” e, por serem do MpD, o presidente da Assembleia Nacional não chama a atenção.
“Depois ficamos todos muito espantados com a violência, a fazer grandes discursos, pronunciamentos e não contribuímos para conter a violência verbal que é a primeira violência que se pratica”, ajuntou Janira Hopffer Almada, para quem o presidente da Assembleia Nacional não deve apenas presidir actos, mas sim “influenciar positivamente e pedagogicamente” todos os sujeitos na casa parlamentar.
Em resposta, Jorge Santos respondeu que, em relação a alguma agressão verbal, a mesa da Assembleia Nacional tem “feito pedagogia”.
“Mas essa agressão vem de todos os lados. Nós já tivemos hoje aqui oportunidade de gerir essas situações. Nós temos tentado, na medida das possibilidades, solicitar a serenidade, o bom entendimento, evitar os insultos colaterais fora do microfone e que todos já escutaram aqui. E nós temos tentado, a todo custo, contribuir para a boa imagem da casa Parlamentar”, prosseguiu.
Jorge Santos disse ainda que é seu objectivo zelar pelo “bom nome” e pela “boa imagem” da casa parlamentar e que, possivelmente, é o que os cabo-verdianos estão à espera dos 72 deputados que elegeram para os representar.
Já para o líder da bancada do Movimento para a Democracia (MpD – situação), Jorge Figueiredo, Janira Hopffer Almada, ao levantar a questão de ataques e apontar para “discurso inflamados contra a violência”, seguidos de “violência verbal” está, na “falta de argumentos” para a contrapor o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, a desviar a atenção para o presidente da Assembleia Nacional, porque perde à partida.
“Não houve violência verbal. Mas mesmo que haja violência verbal não podemos deixar de fazer o discurso contra qualquer tipo de violência, mormente contra a violência física. A líder do PAICV, que tem uma oportunidade que tanto reclamou, de ter um debate aqui com um adversário que ocupa o lugar do primeiro-ministro (…) o presidente da Assembleia Nacional não entra no debate”, disse.
Inforpress